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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

PMDB boicota PT, e Dilma aciona cúpula do partido.

Ante a revolta do PMDB por conta da disputa com o PT pelos cargos importantes do segundo escalão do governo federal, a presidente Dilma Rousseff decidiu acionar o presidente do Senado, José Sarney (AP), para tentar conter a rebelião no partido aliado. A revolta é tão grande que o PMDB boicotou ontem as cerimônias de transmissão de cargo dos ministros petistas.

Convocado por Dilma na emergência da disputa, Sarney marcou para hoje uma reunião em sua casa, a partir das 11 horas, com o vice-presidente da República, Michel Temer, os líderes na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e no Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente interino do partido, senador Valdir Raupp (RO), e líderes como o senador eleito Eunício de Oliveira (CE) e o deputado federal Eduardo Cunha (RJ).

Da parte do governo, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, está prometendo aos peemedebistas que, apesar da perda de cargos importantes, eles serão recompensados com outros de orçamentos semelhantes. Até agora, o PT tomou do PMDB a Secretaria de Atenção à Saúde (orçamento de R$ 45 bilhões), os Correios (R$ 12 bilhões) e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa, orçamento de R$ 5 bilhões).

"Tudo se resolverá no seu tempo e à sua maneira", disse Michel Temer a respeito da indignação do PMDB. "Vai depender de conversações, reuniões e postulações", afirmou ele, que ontem teve um encontro com Palocci.

O primeiro recado claro do PMDB ontem foi para Alexandre Padilha, ministro que deixava a Secretaria de Relações Institucionais para assumir a Saúde.

Padilha foi apontado pelo PMDB como sendo o mentor do corte de cargos do partido no segundo escalão. O outro recado foi para Luiz Sérgio, que assumiu o lugar de Padilha e será o responsável direto no governo Dilma pela interlocução com o Congresso, tratando da liberação de emendas orçamentárias e de outros recursos federais.

Na solenidade, apenas dois peemedebistas desavisados apareceram. Um deles, o ex-senador Sérgio Machado, é, na prática, funcionário do governo, já que preside a Transpetro. O outro, o deputado Geraldo Rezende (MS), não pertence à cúpula do partido. O boicote foi mantido durante todo o dia, embora peemedebistas, incluindo Temer, estivessem a menos de 50 metros de distância do prédio onde Padilha tomou posse.

Temer tem procurado demonstrar que estará ao lado de Dilma, mas que não abandonará o seu partido. Tanto é que, em vez de renunciar à presidência do PMDB, ele apenas se licenciou do cargo por quatro meses. Os dirigentes peemedebistas estabeleceram um prazo de 48 horas para que se restabeleça o diálogo com o PT e se definam os termos do entendimento.
(AE)

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