Além
de buscar ampliar uma aproximação com o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) nos próximos dias, o vice-presidente da República, Michel Temer
também deve avançar nas negociações com os líderes da bancada do PMDB do Senado
em torno da composição de um futuro governo.
As investidas de Temer entre os integrantes
da Casa tem como objetivo assegurar a aprovação do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff e manter o ambiente com os senadores da legenda
pacificado. O PMDB do Senado detém a maior bancada da Casa e indicou ontem o
senador Raimundo Lira (PMDB-PB) para presidir a comissão especial que tratará
sobre a admissibilidade do processo de afastamento da presidente.
Nas negociações encampadas pelo vice não está
descartada, por exemplo, a possibilidade do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) e
Hélder Barbalho voltarem a ocupar uma cadeira na Esplanada dos Ministérios.
Braga ocupou o comando do ministério de Minas e Energia e Barbalho o de Portos
até ontem quando entregaram as respectivas cartas de demissão à presidente
Dilma, em encontro realizado no Palácio do Planalto. Ambos foram indicações da
bancada do PMDB do Senado à presidente.
“Eles tomaram a iniciativa de sair. São
quadros importantes do partido e possivelmente lá adiante o Michel vai
conversar com eles, ver o que eles estão pensando. Acho que podem [voltar]
dependendo das circunstâncias”, ressaltou o vice-presidente do PMDB, Eliseu
Padilha, braço direito de Temer. Procurado pela reportagem após a entrega da
carta de demissão, Hélder Barbalho falou sobre a decisão. “Neste momento não
tenho direito de constranger o meu partido”, afirmou o peemedebista, que é
filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
Além de agradar os principais quadros do PMDB
do Senado, Temer pretende se reunir nos próximos dias com o presidente do
Senado, Renan Calheiros para tratar sobre impeachment. O encontro está sendo
costurado pelo presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR), e
poderá acontecer amanhã em Brasília.
“Quando chegou a hora de fazer a convenção do
partido conversamos com o Renan. Quando estivemos no desembarque, procuramos o
Renan e é por óbvio que o Michel agora vai conversar com ele para pactuar. A
conversa vai considerar o impeachment”, disse ao Estado o vice-presidente do
PMDB, Eliseu Padilha.
Golpe – Paralelo às tentativas de afinar a
relação com o PMDB do Senado, o vice-presidente Michel Temer também dará início
às ofensivas para tentar esvaziar os discursos da presidente Dilma e do
ex-presidente Lula junto aos agentes internacionais de que o processo de
impeachment é “um golpe” institucional.
Escalado para a missão, o senador Romero Jucá
passará a dar entrevistas, às agências internacionais de notícias, utilizando
como arma as declarações de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) como
a do ministro Celso de Mello, que considerou como “gravíssimo equívoco” a associação
do processo com um golpe.
Além dos veículos internacionais, Temer
também contará com ações do presidente da Comissão de Relações Exteriores do
Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP). O tucano deverá servir de porta-voz do vice em
eventos fora do País.
“Outros segmentos também estão adotando
providencias. O senador Aloysio Nunes está no exterior cuidando disso e nada
impede que ele aumente a delegação, que se tenha um trabalho de combate por
parte da comissão do Senado, que tem institucionalmente legitimidade”,
considerou Padilha.
Cotado para assumir o ministério de Relações
Exteriores, num futuro governo Temer, Aloysio Nunes Ferreira desembarca no
México hoje onde deve cumprir agenda de reuniões com parlamentares daquele
país. O senador será recebido por Roberto Gil Zuarth, presidente do Senado.
Brasília. Michel Temer deve embarcar no final
da tarde desta quinta-feira, 21, para Brasília a fim de exercer a presidência
interina. Dilma Rousseff viajou para Nova York, onde vai assinar o Acordo de
Paris sobre o clima, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Nos
Estados Unidos, a petista deve conceder pelo menos duas entrevistas à mídia
estrangeira nas quais pretende relatar que a democracia “está em perigo” no
Brasil.
De acordo com a assessoria de imprensa de
Temer, em função de suas atividades como presidente interino, não há data de
retorno de Brasília para São Paulo.
No momento, Temer está em sua casa em São
Paulo, no Alto de Pinheiros, reunido com o ex-ministro Wellington Moreira
Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, braço de formulação política
do PMDB. Mais cedo, houve um protesto em frente à residência, mas a pichação
“QG do Golpe” feita pelos manifestantes já foi apagada.
Segundo a assessoria do peemedebista em São
Paulo, o vice irá Brasília também por orientação da segurança da Presidência da
República. No início da manhã, cerca de 80 pessoas do Levante Popular da
Juventude fizeram um protesto contra o “golpe” em frente à casa de Temer, no
Alto de Pinheiros, em São Paulo. Desde cedo, pessoas que passavam em frente à
residência gritavam “fora, PT” ou “fora, golpista”.
Fonte: Estadão
Por: Neemias Cordeiro
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