Ejetado do Ministério da Defesa por conta de críticas feitas a colegas e ao governo, Nelson Jobim será substituído por outro crítico da gestão Dilma Rousseff.
Celso Amorim, o novo titular da pasta, discorda de um dos mais significativos lances da política de direitos humanos adotada por Dilma.
Em artigo veiculado no dia 1o de abril (íntegra aqui), Amorim discordou da decisão que levou o Brasil a se posicionar contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU.
Com o endosso da delegação brasileira, aprovou-se em 24 de março o envio de um relator especial da ONU para investigar violações aos direitos humanos no Irã.
Em seu artigo, Amorim anota que esse tipo de providência “implica, na prática, colocar o país no banco dos réus.”
“Que eu me recorde, o Irã é o único país que poderia ser classificado como uma potência média que está sujeita a esse tipo de escrutínio”, anotou Amorim.
Ex-chanceler de Lula, Amorim tratou a posição adotada sob Dilma como um retrocesso em relação a supostos avanços obtidos na gestão anterior.
Entusiasta do diálogo que se estabelecera entre Brasília e Teerã, Amorim recordou:
“O Brasil participou de várias ações ou empreendeu gestões que resultaram na libertação de pessoas detidas pelo governo iraniano.”
Citou três casos em que a interferência do Brasil –com maior ou menor grau de importância— ajudou a abrir as portas dos cárceres iranianos.
Mencionou também o caso de Sakineh Ashtiani, a iraniana cuja condenação à morte por apedrejamento Dilma criticou em termos ácidos.
“Os apelos do nosso presidente [Lula], seguidos de várias gestões no meu nível junto ao ministro do Exterior iraniano e ao próprio presidente Ahmadinejad…”
“…Certamente contribuíram para que aquela pena bárbara não tenha se concretizado”, escreveu Amorim.
Na conclusão de seu artigo, Amorim sustentou: o Brasil teve como agir “porque havia um certo grau de confiança na relação entre Brasília e Teerã.”
Acrescentou: “Parece-me muito improvável que o governo brasileiro se sinta à vontade para esse tipo de démarche depois do voto do dia 24” na ONU.
Prosseguiu: “Muito menos terá o Brasil condições de participar de um esforço de mediação como o que empreendemos com a Turquia…”
“…Em busca de uma solução pacífica e negociada para a questão do programa nuclear iraniano.”
Para Amorim, o fechamento do canal de diálogo com o Irã “certamente fará a alegria daqueles que desejam ver o Brasil pequeno e sem projeção internacional”.
Quer dizer: foi à cadeira de Jobim um substituto que acredita na seguinte tese: sob Dilma, adotam-se providências que apequenam o Brasil que Lula agigantara.
Jamil Bittar/Reuters
Escrito por Josias de Souza
Celso Amorim, o novo titular da pasta, discorda de um dos mais significativos lances da política de direitos humanos adotada por Dilma.
Em artigo veiculado no dia 1o de abril (íntegra aqui), Amorim discordou da decisão que levou o Brasil a se posicionar contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU.
Com o endosso da delegação brasileira, aprovou-se em 24 de março o envio de um relator especial da ONU para investigar violações aos direitos humanos no Irã.
Em seu artigo, Amorim anota que esse tipo de providência “implica, na prática, colocar o país no banco dos réus.”
“Que eu me recorde, o Irã é o único país que poderia ser classificado como uma potência média que está sujeita a esse tipo de escrutínio”, anotou Amorim.
Ex-chanceler de Lula, Amorim tratou a posição adotada sob Dilma como um retrocesso em relação a supostos avanços obtidos na gestão anterior.
Entusiasta do diálogo que se estabelecera entre Brasília e Teerã, Amorim recordou:
“O Brasil participou de várias ações ou empreendeu gestões que resultaram na libertação de pessoas detidas pelo governo iraniano.”
Citou três casos em que a interferência do Brasil –com maior ou menor grau de importância— ajudou a abrir as portas dos cárceres iranianos.
Mencionou também o caso de Sakineh Ashtiani, a iraniana cuja condenação à morte por apedrejamento Dilma criticou em termos ácidos.
“Os apelos do nosso presidente [Lula], seguidos de várias gestões no meu nível junto ao ministro do Exterior iraniano e ao próprio presidente Ahmadinejad…”
“…Certamente contribuíram para que aquela pena bárbara não tenha se concretizado”, escreveu Amorim.
Na conclusão de seu artigo, Amorim sustentou: o Brasil teve como agir “porque havia um certo grau de confiança na relação entre Brasília e Teerã.”
Acrescentou: “Parece-me muito improvável que o governo brasileiro se sinta à vontade para esse tipo de démarche depois do voto do dia 24” na ONU.
Prosseguiu: “Muito menos terá o Brasil condições de participar de um esforço de mediação como o que empreendemos com a Turquia…”
“…Em busca de uma solução pacífica e negociada para a questão do programa nuclear iraniano.”
Para Amorim, o fechamento do canal de diálogo com o Irã “certamente fará a alegria daqueles que desejam ver o Brasil pequeno e sem projeção internacional”.
Quer dizer: foi à cadeira de Jobim um substituto que acredita na seguinte tese: sob Dilma, adotam-se providências que apequenam o Brasil que Lula agigantara.
Jamil Bittar/Reuters
Escrito por Josias de Souza
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