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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Líder de invasão abre o bico e denuncia manobra política

Ivan Leão denuncia “armação” de resistência à desocupação

Ivan Leão

O Impacto teve acesso a uma fonte que revelou, que a Polícia Militar vai entrar em ação no começo da semana, para desocupar a área da Fernando Guilhon que foi ocupada, há 3 meses, onde deverá ser implantado o Conjunto Salvação, dentro do Programa “Minha Casa, Minha Vida”. O assunto tomou proporções constitucionais, depois que a prefeita Maria do Carmo sugeriu a prisão dos responsáveis pelo cumprimento da desocupação.

A reportagem do RG15/OIMPACTO alcançou o líder do movimento ligado à Associação Comunitária Império do Tapajós, Ivan Leão. Em entrevista exclusiva, ele garante que a desocupação será pacífica, e que a minoria que está resistindo, tem apoio de grupo político, que quer tumultuar a desocupação. Ivan confirma que tem apoio de Zenaldo Coutinho, inimigo número um do Estado do Tapajós, não tem compromisso com o movimento do não. Leão tomou pra si o mérito do acordo de cooperação assinado entre o movimento, o governo municipal e não poupa críticas aos segmentos políticos que estão infiltrados no processo de invasão. Denunciou, também, a indústria da invasão que pessoas que “já têm história da especulação e invasão de terras em Santarém”. Confira a entrevista:

O IMPACTO: Você confirma que há dois grupos de lideranças dentro da ocupação da Rodovia Fernando Guilhon?

Ivan Leão: Na verdade, tem dois grupos, mas o grupo minoritário que não representa nem 3%, não quer sair da área, e prefere permanecer no local, porque eles querem ficar na sacanagem, vendendo os terrenos e tentando inviabilizar a execução do Programa Minha Casa Minha vida. Você pode observar que logo na entrada têm poucas pessoas, que estão só vigiando, porque eles já venderam a área pra pessoas que têm condições, e nós sempre pregamos que a nossa luta é por habitação. Não se pode criar ali uma favela, sem estrutura, sem nada.

O IMPACTO: Como você avalia o acordo de cooperação firmado entre os governos municipal e estadual, para encontrar uma saída para o imbróglio?

Ivan Leão: Foi muito importante esse avanço, até porque o governo municipal e o governo estadual, representam bandeiras políticas divergentes, mas destaco também, a participação do Zenaldo Coutinho, representando o Ministério das Cidades. Um projeto desses está previsto para ser concluído em 12 meses, mas pela própria estrutura, a gente sabe que vai demorar uns 18 meses. O que importa é que nós do movimento conseguimos fazer sentar na mesma mesa todas as partes envolvidas. O governo do Município queria fazer da forma dele, mas a banda não toca assim. O programa “Minha Casa Minha Vida” estava perdido e nós não podemos permitir que um pequeno grupo venha estragar o sonho de pessoas que realmente precisam de moradia.

O IMPACTO: Como a Associação Comunitária Império do Tapajós vai encarar a Polícia, caso venha a acontecer a desocupação?

Ivan Leão: No meio dos ocupantes, eu tenho conhecimento de que há pessoas preparadas pra resistir. Desse montinho, tem pelo menos 40% das pessoas que já nos procuraram e pediram até desculpas pela posição deles em não sair da área, e já garantiram que vão sair pacificamente, e com isso, vão afogar a minoria que não quer sair. Existe legislação que não pode ser mudada e estabelece um limite máximo de 20% das unidades a serem destinadas para o movimento. Os 30 % da Cohab, por uma questão de conquista, a companhia vai levar em conta o nosso cadastro, essa é uma conquista minha. Com o nosso acompanhamento, vai ser mais fácil fazer a filtragem, pra não ser injusto na distribuição das unidades. Eles sabem que nós procuramos trabalhar com transparência. É por isso que as coisas estão correndo pro lado positivo.

O IMPACTO: Como o movimento identifica as pessoas que realmente precisam de habitação?

Ivan Leão: Nós do movimento já começamos a fazer esse levantamento, inclusive junto à Caixa Econômica, através do CAD. Nós estamos montando no centro da cidade um escritório, pra poder acompanhar melhor. Agora, no meio deles pode haver gente que apenas quer se aproveitar. Aí, o cruzamento de informações vai detectar. Eu não posso me responsabilizar por mais de 3 mil pessoas assim. Esses charlatões que estão querendo se aproveitar e eu posso até citar alguns: Roberval, Heloína, Pedro Paulo e Evaldo. Essa Heloína já tem histórico de invasão. Agora, diferente deles, a minha vida é transparente e o meu trabalho é sério. Esse grupinho estava reunido ontem à tarde no escritório de um político. É bom lembrar que nós conseguimos fazer sentar grupos políticos juntos, pra dar uma solução pacífica e agora vem esse político, pra incentivar esses vândalos, a ficarem e resistirem. A gente vem sendo importunado por esse pessoal aí, tem mais de 2 anos. Eles querem a coisa do jeito deles. Se você for lá, vai ver que eles têm em média 15 lotes, cada um. É lamentável constatar que eles estão querendo estragar um sonho conquistado que vai ser bom pra Santarém, que vai atingir 3.081 famílias, que realmente precisam.

O IMPACTO: Como você está fazendo pra que as pessoas não confundam a sua atuação como manobra política, uma vez que a sua relação maior é com o governo do Estado e com Zenaldo Coutinho, que é contra a criação do Estado do Tapajós?

Ivan Leão: Eu já falei pro Zenaldo que o Movimento tem se posicionado até hoje como apartidário. A nossa relação com o governo do Estado começou quando ele veio pro aniversário de Santarém. Naquela ocasião, houve uma reunião para resolver a situação da Fernando Guilhon. Eu tenho um documento assinado pelo Governador, se comprometendo em dar a solução, e isso está acontecendo. Eu não vou fazer campanha paro o não porque eu moro em Santarém, e o que for melhor pro Oeste do Pará, eu vou estar sempre junto. Eu acho até que por toda esta semana, a Polícia já vai agir e nós estamos preparados pra sai pacificamente. Agora, tem um grupo do lado direito da Fernando Guilhon, que estão chamando de MACHU PICHU, liderados pela Margareth e pelo Marido, do PSOL, que pode criar problemas, e nós não temos nada a ver com isso. Eles se juntam às questões políticas para se beneficiarem das invasões, mas nunca me ajudaram a lutar pra dar solução. Foi sempre assim, eu na frente e as pessoas de bem que me acompanham.

O IMPACTO: Se você diz que as pessoas não vão reagir à desocupação, por que você não usa da sua liderança para convencer as pessoas a saírem da área, sem a intervenção da polícia?

Ivan Leão: Você não sabe, mas já tem pelo menos 300 famílias que já se retiraram, antes mesmo da desocupação. São até agora 3 mil famílias cadastradas pelo movimento. Isso representa um número significativo da nossa base

O IMPACTO: Se tem 3.000 famílias cadastradas no movimento, e mesmo com o apoio da COHAB, pode chegar a 1.500. Como o movimento vai fazer pra contemplar as outras 1.500 que vão estar de fora e sob a responsabilidade da Prefeitura?

Ivan Leão: A Prefeita já sinalizou para isso, e ela sabe que a gente está querendo a coisa certa. Era preciso que ela fosse muito ruim, pra se posicionar contra um movimento que só quer o bem de todo mundo. Agora, existem outros programas que abrange pessoas que ganham de 5 a 10 salários mínimos, e nós vamos continuar lutando para concretização deste projeto, porque a Associação Comunitária Império do Tapajós é uma entidade sem limites e sem fronteiras.

O IMPACTO: Você já foi assediado pra se filiar a algum partido?

Ivan Leão: O próprio Zenaldo já me convidou pra trabalhar com ele. Já pensou se eu aceito e depois ele me pede pra ser contra o estado do Tapajós? O deputado Puty esteve na minha casa e eu perguntei para ele: “Puty, tu queres que eu vote pra ti ou trabalhe pra ti?”. Ele me respondeu: “Eu quero os dois”. Eu pedi a ele que pedisse à então Governadora que desapropriasse a área, mas ele não fez nada. O Jordy foi outro que me convidou e eu não aceitei. O vice-governador Helenilson me disse: “No segundo semestre liga pro Denílson, que nós vamos conseguir uma colocação pra ti”. Eu não quero. Eu quero que eles resolvam o problema. Eu não quero ser escada para ninguém, eu quero resolver o problema social das pessoas. Se eu tiver que entrar em um partido eu vou escolher um partido pequeno, onde eu possa levar o movimento, não para barganhar, mas para defender os interesses do movimento.


Fonte: RG 15/O Impacto

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