O magnata e filantropo americano Bill Gates
disse na última quarta (13) que o caminho para o desenvolvimento da América
Latina passa por "ter um melhor sistema de educação pública", área
que quer ajudar a desenvolver ao lado de diferentes parceiros por meio de sua
fundação.
Bill Gates viaja pelo mundo para convencer
bilionários a doar suas fortunas
"Nos encantaria trabalhar com outros
filantropos na região", disse Gates à Efe após inaugurar na cidade
mexicana de Texcoco as novas instalações do Centro Internacional de
Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT), dedicado a pesquisa de produtividade
agrícola desde 1966.
O fundador da Microsoft explicou que nos
países da América Latina "há algumas boas universidades mas, na média, a
educação pública não é o que deveria ser, particularmente na comparação com o
Sudeste Asiático".
Ronaldo Schemidt/AFP
Bill Gates fala durante a inauguração de
centro de pesquisa bancado por sua fundação em Texcoco, México
Perante o desafio de mudar isso, o também
co-fundador da Fundação Bill e Melinda Gates lembrou que "até mesmo países
da Ásia com níveis de riqueza inferiores (aos latino-americanos) fazem um
melhor trabalho na educação".
"Nossa instituição foca em educação nos
Estados Unidos e esperamos que algumas lições sobre avaliação dos professores e
a forma como ajudá-los a crescer, como utilizar a tecnologia, (...) sejam
levadas a nível global", apontou.
Além disso, considerou importante que os
Governos desses países ajam para sanar problemas na área da saúde e erradicar a
desnutrição, o que pode prejudicar o "desenvolvimento cerebral" das
crianças e impedi-las de "alcançar seu potencial máximo".
No entanto, Bill Gates comentou que alguns
países, como Costa Rica, México, Brasil e Chile, "fizeram boas coisas e
parece que estão chegando ao ponto em que se olham" mutuamente em busca de
conhecer e colocar em prática as políticas públicas de desenvolvimento que
funcionaram melhor nos outros.
'FUTURO PROMISSOR'
Sendo uma região de países de indicadores
econômicos medianos, em geral, o futuro é promissor, avaliou.
Envolvido em trabalhos filantrópicos desde
2000, Gates se mostrou muito satisfeito com a colaboração que mantém com a
Fundação Carlos Slim, empresário mexicano que é a única pessoa no mundo com uma
fortuna maior do que a sua.
Ambos trabalham desde 2010 na Iniciativa
Mesoamericana de Saúde, mas o magnata americano, à frente da maior fundação
privada do mundo, com fundos de US$ 30 bilhões, está disposto a associar-se a
outros filantropos privados da região.
A história do empresário americano é
peculiar. Do êxito da Microsoft, transformada em uma das empresas de referência
em tecnologia da informação no planeta, passou a aplicar "mais de
95%" da sua fortuna em filantropia.
A grande pergunta que ele e sua mulher,
Melinda, se fizeram foi se queriam gastar esse dinheiro com eles mesmos ou
deixá-los para seus filhos. Como não estavam satisfeitos com nenhuma dessas
opções, optaram por devolvê-lo à sociedade, contou.
"Foi uma viagem emocionante juntos, na
qual aprendemos sobre saúde, agricultura e educação. Envolvemo-nos muito
pessoalmente nesses temas tentando encontrar os inovadores, que é a melhor
forma de alcançar os resultados", expressou Gates.
"Um grande marco para nós foi quando
nosso amigo Warren Buffet decidiu nos dar a grande maioria da sua fortuna para
a fundação. Isso quase duplicou a escala do trabalho que podíamos fazer. Foi
muito emocionante e fizemos o melhor que pudemos para corresponder à confiança
que ele colocou em nós", acrescentou.
Agora Gates gostaria de ver mais magnatas
latino-americanos e de outras regiões do mundo destinando o seu dinheiro a
projetos de desenvolvimento, o que ele acredita que eventualmente sucederá.
Ele mesmo promove o Giving Pledge
("promessa de dar"), uma opção pela qual os milionários doam metade
de suas fortunas à filantropia.
"Com o tempo, acho que a filantropia
aumentará em todas as partes, e certamente compartilho a minha positiva
experiência", previu.
DA EFE, EM TEXCOCO (MÉXICO)
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