Lula Marques/Folha
Diminuído na composição do ministério e submetido ao conta-gotas do segundo escalão, o PMDB prepara a volta por cima.
O partido do vice-presidente Michel Temer tornou-se peça central da operação de blindagem de Antonio Palocci.
Nesta segunda (23), o primeiro compromisso oficial da presidente Dilma Rousseff é uma reunião com Temer.
Na pauta, a estratégia do governo para se contrapor à tentativa da oposição de constranger o chefe da Casa Civil e minar o governo.
PSDB, DEM, PPS começam a recolher nesta semana assinaturas para a abertura de uma CPI mista, com deputados e senadores.
Deseja-se investigar a prosperidade patrimonial de Palocci, levada às manchetes pelos repórteres Andreza Matais e José Ernesto Credencio.
Na eleição de 2006, Palocci informara à Justiça Eleitoral que seu patrimônio somava R$ 375 mil. Sem alarde, fundou uma consultoria chamada Projeto.
A empresa adquiriu em áreas nobres de São Paulo um par de imóveis. Pagou R$ 882 mil por um escritório e R$ 6,6 milhões por um apartamento de 502 m².
Em 2006, ano de sua fundação, a consutoria de Palocci faturara R$ 160 mil. No ano eleitoral de 2010, amealhou R$ 20 milhões.
Desse total, R$ 10 milhões pingaram nos dois últimos meses do ano, quando Dilma já estava eleita e Palocci coordenava a transição.
A abertura de uma CPI depende do apoio de 171 deputados e 27 senadores. Na Câmara, a oposição dispõe de algo como 100 assinaturas. No Senado, tem 19.
Ou seja, para prosperar, a investigação parlamentar dependeria da defecção de integrantes do condomínio governista. Algo que Dilma decidiu evitar.
No início do governo, julgando-se preterido por Dilma, o PMDB inaugurara o que um aliado de Temer chamara de “política do cá te espero“.
A espera durou menos do que se imaginava: cinco meses. Às voltas com sua primeira grande crise, Dilma vê-se agora na condição de refém do PMDB.
O partido age com o profissionalismo habitual. Temer saiu em defesa de Palocci na primeira hora, antecipando-se ao próprio PT.
Pós-graduados em encrencas de natureza ética, Renan Calheiros e Romero Jucá apressaram-se em fazer uma visita de solidariedade a Palocci.
Dilma cuidou de sinalizar que está disposta a pagar o preço do “resgate” de Palocci.
Num primeiro gesto, acomodou no conselho de administração do BNDES o ex-governador do Paraná Orlando Pessutti, um dos pemedebês que aguardavam na fila.
Na semana passada, a oposição tentou, sem sucesso, aprovar a convocação de Palocci para prestar esclarecimentos na Câmara.
Nesta semana, tucanos e ‘demos’ voltam à carga no Senado. A postos, Renan e Jucá agem para impedir.
Simultaneamente, Palocci prepara um ofício ao procurador-geral da República Roberto Gurgel, que cobrou esclarecimentos.
Seja qual for o desfecho do episódio, Dilma e seu governo sairão dele mais fracos. Quanto ao PMDB, não perde por esperar. Ganha.
Escrito por Josias de Souza
Diminuído na composição do ministério e submetido ao conta-gotas do segundo escalão, o PMDB prepara a volta por cima.
O partido do vice-presidente Michel Temer tornou-se peça central da operação de blindagem de Antonio Palocci.
Nesta segunda (23), o primeiro compromisso oficial da presidente Dilma Rousseff é uma reunião com Temer.
Na pauta, a estratégia do governo para se contrapor à tentativa da oposição de constranger o chefe da Casa Civil e minar o governo.
PSDB, DEM, PPS começam a recolher nesta semana assinaturas para a abertura de uma CPI mista, com deputados e senadores.
Deseja-se investigar a prosperidade patrimonial de Palocci, levada às manchetes pelos repórteres Andreza Matais e José Ernesto Credencio.
Na eleição de 2006, Palocci informara à Justiça Eleitoral que seu patrimônio somava R$ 375 mil. Sem alarde, fundou uma consultoria chamada Projeto.
A empresa adquiriu em áreas nobres de São Paulo um par de imóveis. Pagou R$ 882 mil por um escritório e R$ 6,6 milhões por um apartamento de 502 m².
Em 2006, ano de sua fundação, a consutoria de Palocci faturara R$ 160 mil. No ano eleitoral de 2010, amealhou R$ 20 milhões.
Desse total, R$ 10 milhões pingaram nos dois últimos meses do ano, quando Dilma já estava eleita e Palocci coordenava a transição.
A abertura de uma CPI depende do apoio de 171 deputados e 27 senadores. Na Câmara, a oposição dispõe de algo como 100 assinaturas. No Senado, tem 19.
Ou seja, para prosperar, a investigação parlamentar dependeria da defecção de integrantes do condomínio governista. Algo que Dilma decidiu evitar.
No início do governo, julgando-se preterido por Dilma, o PMDB inaugurara o que um aliado de Temer chamara de “política do cá te espero“.
A espera durou menos do que se imaginava: cinco meses. Às voltas com sua primeira grande crise, Dilma vê-se agora na condição de refém do PMDB.
O partido age com o profissionalismo habitual. Temer saiu em defesa de Palocci na primeira hora, antecipando-se ao próprio PT.
Pós-graduados em encrencas de natureza ética, Renan Calheiros e Romero Jucá apressaram-se em fazer uma visita de solidariedade a Palocci.
Dilma cuidou de sinalizar que está disposta a pagar o preço do “resgate” de Palocci.
Num primeiro gesto, acomodou no conselho de administração do BNDES o ex-governador do Paraná Orlando Pessutti, um dos pemedebês que aguardavam na fila.
Na semana passada, a oposição tentou, sem sucesso, aprovar a convocação de Palocci para prestar esclarecimentos na Câmara.
Nesta semana, tucanos e ‘demos’ voltam à carga no Senado. A postos, Renan e Jucá agem para impedir.
Simultaneamente, Palocci prepara um ofício ao procurador-geral da República Roberto Gurgel, que cobrou esclarecimentos.
Seja qual for o desfecho do episódio, Dilma e seu governo sairão dele mais fracos. Quanto ao PMDB, não perde por esperar. Ganha.
Escrito por Josias de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário