O vice-presidente Michel Temer pediu empenho dos governos da
China e do Brasil para diversificar a pauta de exportações nacional para o
gigante asiático. Ele ainda apontou um "deslocamento da produção
brasileira" devido ao aumento "indiscriminado" de produtos
chineses no país.
O discurso foi feito no Palácio Itamaraty, em Brasília, onde
acontece a segunda reunião da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de
Coordenação e Cooperação), mecanismo mais importante para discussão de temas
econômicos entre Brasil e China. O vice-presidente brasileiro é o representante
nacional no grupo. Da parte chinesa, o governo é representado pelo
vice-primeiro ministro da China, Wang Qishan.
Temer fez questão de citar em seu discurso o impacto das
mercadorias chinesas na produção nacional. Empresários brasileiros alegam que a
importação tem limitado o desenvolvimento da própria indústria brasileira.
"Nos preocupamos com o aumento maciço e indiscriminado
de produtos chineses no mercado brasileiro - o que somos obrigados a registrar,
ocasiona o deslocamento da produção brasileira. Daí porque falávamos (...) [em]
uma forma de um dimensionamento voluntário das exportações chinesas para o
Brasil, já que nosso objetivo é criar condições muito sólidas para o
crescimento dessa relação bilateral", afirmou o vice.
'IMPULSO POLÍTICO'
Temer afirmou ainda ser necessário "agregar impulso
político" para se "elevar o patamar de nossa parceria
estratégica". Apesar de a China ser, desde 2009, o principal parceiro
comercial do Brasil, a pauta de exportações está concentrada em produtos
primários --principalmente minério de ferro e soja.
"Brasil e China são economias industriais, com alto
grau de diversificação. O que deve ser refletido no comércio bilateral. (...) A
atual composição dessas exportações, além de gerar número relativamente
limitado de empregos, é ainda vulnerável à flutuação de preços, de demanda e
condições climáticas", afirmou.
"Esperamos contar com apoio chinês para assegurar maior
participação de produtos manufaturados nas exportações brasileiras para o
mercado chinês", completou o vice.
Temer destacou a parceria entre os dois países, citando que,
entre 2010 e 2011, houve crescimento de 36,7% no comércio bilateral, enquanto o
comércio mundial cresceu 6,6% no mesmo período.
Ele fez a ressalva, no entanto, de que esse aumento se deve
mais ao aumento de preços dos produtos exportados (basicamente commodities) do
que ao volume exportado.
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
Folha.uol.com
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