Preso desde
novembro após a Operação Durkheim da Polícia Federal, o vice-prefeito eleito de
Nazaré Paulista, Itamar Damião (PSC), quer transformar o Centro de Detenção
Provisória de Pinheiros no palco de sua posse.
Impedido de
comparecer à solenidade em que assumiria o cargo no dia 1º de janeiro, ele
pediu ao presidente da Câmara Municipal que envie um representante ao cadeião
para colher sua assinatura no livro oficial. O ofício enviado pede também que o
servidor destacado "realize as demais solenidades que a liturgia do cargo
estabelece".
A Câmara
Municipal marcou uma sessão extraordinária para discutir o caso hoje.
Vereadores
da oposição a Joaquim da Cruz Junior (PT), prefeito da cidade de 16 mil
habitantes a 64 km de São Paulo, protestam contra o pedido, que dizem
considerar uma "falta de caráter".
"É uma
situação inusitada um vice-prefeito tomar posse dentro da cadeia, mas
infelizmente política é assim", afirmou Luiz Loreto (PP). Ele diz que o
prefeito tem maioria na Casa para aprovar o pedido.
Alpino/Editoria
de Arte/Folhapress
QUADRILHA
Damião é
suspeito de ser um dos líderes de uma quadrilha que quebrou e comercializou
dados sigilosos de juízes, políticos e empresários.
Deflagrada
há dois meses, a operação que desmontou o grupo recebeu esse nome em alusão à
obra "O Suicídio", de Émile Durkheim, por ter tido início após
delação de um policial que teria se suicidado. No total, 33 pessoas foram
presas na ação.
Entre os
políticos que tiveram o sigilo violado está o ex-prefeito de São Paulo Gilberto
Kassab (PSD). Em carta a seus antigos advogados, Damião disse ter feito a
quebra a pedido do próprio prefeito.
A Polícia
Federal suspeita também que o grupo tenha montado um esquema para ganhar
dinheiro em licitações e precatórios (dívidas de órgãos da administração
reconhecidos pela Justiça).
ADIAMENTO DA
POSSE
Além do
pedido, um dos defensores de Damião, o advogado Antonio Celso Galdino Fraga,
diz que foi solicitada à Justiça e à Câmara a suspensão do prazo, vencido
ontem, para que ele tome posse --a legislação de Nazaré Paulista dá um prazo de
dez dias para que os eleitos sejam empossados caso não assumam no dia 1º de
janeiro "por motivo de força maior".
O defensor
lembra que Damião foi diplomado pela Justiça Eleitoral e diz que não haveria
impedimento para que ele ocupasse o cargo enquanto está provisoriamente preso,
já que o prefeito continua no exercício do mandato.
Fraga diz
acreditar também que, caso o pedido para que um representante da Câmara vá até
o cadeião não seja aceito pela Casa, é possível que seja encontrada uma solução
alternativa, como uma autorização da Justiça para que ele seja escoltado até a
Câmara, onde aconteceria a cerimônia de posse.
Folha.uol.com
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