O
Ministério Público Federal (MPF) vai promover em Belém e Santarém eventos para
convidar toda a sociedade a debater os riscos oferecidos pela Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 65/12, que, se aprovada, extingue o processo de
licenciamento ambiental no país. A PEC autoriza a execução de obra a partir da
apresentação do estudo prévio de impacto ambiental, dispensando qualquer
controle posterior sobre o cumprimento das obrigações socioambientais por parte
do empreendedor.
O
primeiro evento a ser realizado será um debate que o Ministério Público Federal
(MPF) promove em Santarém no próximo dia 20, a partir das 14 horas, na sede das
Faculdades Integradas do Tapajós (FIT/Unama). No dia 2 de junho é a vez de
Belém discutir o tema. O MPF e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA)
vão promover audiência pública na sede do MPPA a partir das 9 horas.
Todos
os cidadãos interessados podem participar. Esse convite geral, feito pela
internet e pela imprensa, está sendo reforçado, com envio de convites
específicos, para autoridades federais, estaduais e municipais diretamente
envolvidas no tema, conselheiros do Conama, operadores do direito, acadêmicos,
pesquisadores e instituições especialistas no assunto.
Além
da PEC, serão debatidas outras propostas de alterações de atos normativos
referentes ao licenciamento ambiental em tramitação no Congresso Nacional (PLS
nº 654/2015 do Senado Federal e PLC nº 3729/2004 e apensos da Câmara dos
Deputados), bem como a proposta de alteração das Resoluções 01/1986 e 237/1997,
em tramitação no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Repúdio
– A PEC 65 foi aprovada Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do
Senado em 27 de abril. No início de maio o MPF e o MPPA divulgaram notas
públicas em que repudiam a proposta.
Para
o MPF, “a PEC 65/2012 subverte, a um só tempo, a função de um dos instrumentos
mais importantes de atuação administrativa na defesa do meio ambiente – o
Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA, bem como fulmina a estrutura
técnico-jurídica em que se fundamenta o devido processo de licenciamento
ambiental, com suas indispensáveis etapas (viabilidade ambiental, instalação e
operação) para obras com significativo impacto ambiental”.
Para
o MPPA, que publicou nota conjunta com os MPs do Acre, Amapá, Amazonas, Mato
Grosso e Rondônia durante o 1º Encontro de Trabalho dos Procuradores-gerais de
Justiça da Região Norte e Mato Grosso, a PEC está “divorciada da vontade
popular, sendo necessário o efetivo esclarecimento das consequências práticas e
da perda das garantias de controle atualmente existente na legislação
ambiental, como a realização de consulta à sociedade e aos órgãos de proteção
ao meio ambiente”.
Mobilização
nacional – Os eventos no Pará fazem parte de uma mobilização nacional do MP em
defesa do licenciamento ambiental. Audiências públicas sobre o tema já foram
realizadas em São Paulo e na Bahia e também estão confirmadas em Alagoas,
Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Goiás e Santa Catarina.
Nas demais unidades da federação as datas dos eventos devem ser anunciadas nos
próximos dias.
A
mobilização ocorre também na internet. Membros do MPF estão divulgando nas
redes sociais vídeos com depoimentos sobre o tema, e na próxima segunda-feira,
16 de maio, às 15 horas, haverá tuitaço com a hashtag #PEC65NÃO. Além disso, o
MP está divulgando a consulta pública promovida pelo Senado.
FUNDAÇÃO
CULTURAL PALMARES NÃO DEVE CONSIDERAR FINALIZADA CONSULTA SOBRE MINERAÇÃO NO
PARÁ, RECOMENDA MPF
O
Ministério Público Federal (MPF) encaminhou notificação à Fundação Cultural
Palmares (FCP) em que recomenda a suspensão de notas técnicas e atos que
atestam a realização de consulta livre, prévia e informada a comunidades
quilombolas sobre projetos da empresa Mineração Rio do Norte no noroeste do
Pará.
De
acordo com o MPF, o processo de consulta tem sido alvo de uma série de
questionamentos por não apresentar todas as informações necessárias, falha que
gera conflitos entre as comunidades quilombolas, e por ainda não terem sido
feitos o estudo de perdas imateriais e o pagamento de indenização às famílias
atingidas.
A
procuradora da República Fabiana Keylla Schneider recomenda à FCP que os
atestados de realização da consulta sejam suspensos até que todas as questões
apresentadas tenham sido resolvidas, de preferência com visita de
representantes da autarquia às comunidades.
A
notificação foi encaminhada à FCP nesta sexta-feira, 13 de maio, além de versão
digital do documento ter sido enviada à autarquia no início do mês. Assim que
receber oficialmente a versão física da notificação, a FCP terá 30 dias para
apresentar resposta ao MPF. Se a resposta não for apresentada ou for
considerada insatisfatória, o caso pode ser levado à Justiça.
“Incumbe
à Fundação Cultural Palmares zelar e promover os direitos e interesses
legítimos das comunidades quilombolas e fazer-se presente na verificação do
conflito aqui verificado e na inconsistência das informações quanto à
realização da consulta livre, prévia e informada”, ressalta o MPF na
recomendação.
Os
empreendimentos citados na recomendação são de exploração minerária em unidades
de conservação da região do alto rio Trombetas, nos municípios de Faro,
Oriximiná e Terra Santa, área também conhecida como Calha Norte do Pará.
A
Mineração Rio do Norte pretende atuar na região de sete platôs (Cruz Alta, Cruz
Alta Leste, Peixinho, Rebolado, Escalante, Jamari, Baroni) localizados na
Floresta Nacional (flona) Saracá-Taquera, e na Floresta Estadual (flota)
Trombetas.
Fonte:
RG 15/O Impacto e MPF
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