O MDB bateu o martelo e definiu ontem
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, como o nome do partido na disputa
pela Presidência da República. A opção era dada como certa entre emedebistas
como forma de unir a legenda em torno de uma opção mais viável em termos de
recursos e viabilidade. Com a decisão, sai de cena o presidente Michel Temer,
marcado pela alta impopularidade por ser alvo de investigações da Polícia
Federal, e assume um presidenciável que possa bancar a própria campanha e que é
menos reprovado internamente e pelo eleitorado.
A possibilidade de Meirelles custear a
própria pré-candidatura foi um elemento decisivo para a escolha do partido. O
movimento foi comandado pelo presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá
(RR), que trabalhou o nome do ex-ministro com deputados, senadores e
presidentes de diretórios estaduais da legenda. A ideia é que, com o
ex-ministro cobrindo a campanha, de até R$ 70 milhões, abre espaço para que os
recursos do fundo partidário sejam distribuídos entre demais candidaturas.
O fortalecimento de Meirelles no partido vai
além do poder financeiro. A análise é de que, se ele não conseguir trazer
votos, ao menos não “atrapalhará”. Uma visão oposta à de Temer, que é tratado
como um candidato ruim de se vincular à imagem, em decorrência das
investigações em andamento. A relação entre o presidente e Meirelles está sendo
trabalhada pelo partido nos mínimos detalhes, mas eles permanecerão com uma
sintonia bem alinhada.
Temer disse que o aliado é o “melhor entre os
melhores” e tem “todas as condições de estar à frente não só do nosso partido,
mas da campanha eleitoral”. No entanto, após o discurso de Temer, não houve um
gesto simbólico da “passada de bastão”. Sem quaisquer gestos clichês, mas
tradicionais em anos eleitorais, de braços unidos e levantados entre ambos. Uma
sucessão tímida, mas relevante para desassociar uma imagem da outra.
O MDB ainda esboça junto a Meirelles um
discurso que faça essa desassociação. A ideia é alçá-lo não apenas como um
defensor do legado governista, mas como o grande responsável por ter tirado o
país da recessão. E a retórica do presidenciável está afiada para rebater as
declarações de que o emprego ainda não decola. “Nós temos que olhar os dados
econômicos de uma maneira analítica. Até abril, foram criados mais de 200 mil
empregos formais. Isto que é relevante, pois significa que a economia está
crescendo”, argumentou o ex-ministro.
A atuação de Temer na corrida eleitoral será
focada em manter o desenvolvimento do país nos próximos meses. O objetivo é
que, se concentrando em manter a recuperação do país, Meirelles ganhe de
bandeja os benefícios. Diferentemente do que se imaginava, ele não assumirá um
papel de coordenador, explicou Jucá. “Ele vai governar. É importante o
resultado do governo. Tem que continuar mantendo (o que foi feito), mas vai
colaborar da forma como puder”, disse.
UNIFICAÇÃO
A viabilidade eleitoral de Meirelles não é um
cenário impossível. Mas dependerá, sobretudo, de o partido usar os recursos,
exposição pública, colocá-lo nos eventos e usar a estrutura da legenda para
emplacá-lo de norte a sul junto aos diretórios estaduais, sustenta o analista
político Murilo Aragão, sócio da Arko Advice. “Vai depender muito do desempenho
nas pesquisas. Se ele conseguir emplacar entre 5% a 6% da intenção de votos nos
próximos dois meses, é possível se fortalecer e até unir o centro em torno
dele”, avaliou.
A unificação do centro não será uma tarefa
fácil, e demandará, sobretudo, o apoio de todo o partido a Meirelles. Para
isso, será preciso convencer caciques do Nordeste. A solução para isso, aposta
o MDB, está no documento “Encontro para o Futuro”, uma espécie de continuidade
do programa “Ponte para o Futuro”. O partido prepara estratégias que promovam o
desenvolvimento econômico na região, com mais investimentos em energias limpas,
como a eólica e solar.
Fonte: Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário