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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ESTADOS UNIDOS BOMBARDEIAM ALVOS JIHADISTAS NO NORTE DO IRAQUE

Ataque nos arredores da capital do Curdistão iraquiano ocorre após extremistas tomarem controle da maior represa do país.

MOSSUL — Os Estados Unidos bombardearam nesta sexta-feira artilharias móveis dos extremistas do Estado Islâmico no Norte do Iraque, na primeira ação militar significativa na região desde a retirada americana em 2011. Após algumas horas de pausa, os EUA retormaram os ataques contra bases jihadistas nos arredores de Irbil, a capital do Curdistão iraquiano. A Casa Branca reiterou que não tem intenção de enviar tropas para combater em terra, mas ressaltou que o país pode aumentar o apoio militar às forças de segurança iraquianas para repelir militantes, quando for formado um novo governo “inclusivo”. Segundo Washington, Obama não determinou uma data para o fim dos ataques.

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O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, indicou que o apoio inicial dos EUA será em ações para proteger funcionários americanos no Iraque e para resolver a situação de emergência humanitária nas montanhas de Sinjar, onde refugiados estão encurralados. Outro objetivo do governo americano, segundo o porta-voz, seria repelir a ameaça representada pelos extremistas, mas ele reiterou que qualquer apoio não será prolongado, nem envolverá o envio de soldados para o país.

Em um tom desafiador, o líder Abu Bakr al-Baghdadi postou uma declaração de áudio no Twitter advertindo os EUA sobre o ataque desta sexta-feira. O grupo afirmou ainda à agência Reuters que os bombardeios americanos não terão impacto sobre o grupo militante.

“Envio esta mensagem aos Estados Unidos, o portador da Cruz”, escreveu al-Baghdadi. “Aqueles que lutam em seu nome não terão qualquer ganho no Iraque e na Síria. Em breve, vocês estarão em confronto direto com os filhos do Islã, que se prepararam bem para o dia em que lutarão com vocês”.

À Reuters, um líder do Estado Islâmico afirmou por telefone que os EUA se enganaram ao pensar que estão atacando posições estratégicas do grupo.

— Não é assim que operamos. Somos treinados para guerrilha urbana — disse.

Os ataques aéreos ocorreram nos arredores da cidade de Irbil, a capital do Curdistão iraquiano, de onde os jihadistas estavam lançando ofensivas contra as forças curdas. O Exército iraquiano também lançou uma ação contra os rebeldes islâmicos na cidade de Sinjar, que deixou 45 insurgentes mortos e 60 feridos, informou a imprensa estatal. Em apoio à intervenção dos EUA, o presidente François Hollande afirmou que a França estava pronta para ajudar a acabar com o sofrimento dos civis no Iraque e pediu auxílio da comunidade internacional.

“A comunidade internacional não pode ignorar a ameaça representada pelo avanço desse grupo terrorista para a população local, a estabilidade não só do Iraque, mas de toda a região”, disse Hollande em um comunicado.
Um combatente curdo: avanço jihadista ameaça capital do Curdistão iraquiano - STRINGER/IRAQ / REUTERS
De acordo com o Pentágono, dois aviões militares F/A 18 lançaram bombas de 226 quilos de alta precisão, guiadas a laser, sobre uma peça de artilharia móvel dos rebeldes perto Irbil. O porta-voz do Ministério americano da Defesa, almirante John Kirby, disse que o Estado Islâmico tem usado o armamento para atacar forças curdas posicionadas perto da capital curda, onde estão instaladas equipes dos EUA. O país têm um consulado na cidade e, desde o início da mais recente crise de segurança iraquiana, em junho, um centro de operações militares conjuntas na cidade.

O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, afirmou que os militares dos EUA têm dados de inteligência suficientes para isolar os militantes islâmicos e lançar ataques aéreos eficazes, se eles ameaçarem os interesses do país ou dos milhares de refugiados que fugiram para uma montanha próxima. Hagel também ressaltou que mais de 60 dos 72 pacotes de comida e água jogadas por aeronaves chegaram às minorias religiosas iraquianas que fogem dos extremistas do EI.

O ataque marca a segunda fase da operação autorizada pelo presidente Barack Obama, na quinta-feira, contra o avanço do EI. Obama autorizou o envio de ajuda humanitária, em uma primeira fase, e o apoio de aviões de guerra americanos para evitar ainda mais o avanço dos jihadistas na região controlada pelos curdos. O anúncio ocorreu depois de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU convocada pela França.

O presidente americano, no entanto, disse que não iria enviar tropas dos EUA de volta ao Iraque. Obama fez questão de tranquilizar um público cansado da guerra e ressaltou que, após tirar as forças americanas do país no final de 2011, não tinha a intenção de travar outra guerra em solo no local. Mas apontou que as recentes conquistas dos rebeldes islâmicos desafiaram suas previsões e aspirações anteriores.

— Eu não vou permitir que os Estados Unidos sejam arrastados para outra guerra no Iraque — afirmou Obama em seu discurso na noite da quinta-feira.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, condenou nesta sexta-feira as ações dos extremistas e se mostrou de acordo com a decisão americana de atacar alvos extremistas. No entanto, o gabinete do premier descartou a participação do Reino Unido em uma intervenção militar.

CONTROLE DA MAIOR REPRESA DO PAÍS

Os jihadistas do Estado Islâmico assumiram o poder da maior represa do Iraque, na cidade de Mossul, informou nesta sexta-feira um porta-voz das forças curdas, que controlavam a instalação até o momento. Com a ofensiva, os extremistas terão a possibilidade de controlar o fornecimento de água e eletricidade em uma ampla área do país. Além disso, a abertura das comportas poderia alagar vastas áreas do país. Com a aproximação dos rebeldes à cidade de Irbil, capital do Curdistão iraquiano, companhias de petróleo começaram a retirar seus funcionários da região.

A represa de Mossul, no Rio Tigre, é a maior do país - AHMAD AL-RUBAYE / AFP
A instabilidade política no país também se agravou nos últimos dias. Nesta sexta-feira, o principal clérigo iraquiano, o aiatolá Ali al-Sistani, afirmou que os políticos que se agarram a seus postos estão cometendo um “grave erro”. A declaração aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro Nuri al-Maliki para deixar sua candidatura para um terceiro mandato.

Em seu sermão semanal, Sistani pediu aos líderes do Iraque que escolham um premier que possa acabar com a crise de segurança instaurada pelos rebeldes do Estado Islâmico.

POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

08/08/2014 9:12 / ATUALIZADO 08/08/2014 16:56

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