Os russos deverão retomar a condição de
maiores consumidores das carnes bovinas e suínas de Mato Grosso e do Brasil em
breve. Pelo menos essa é a perspectiva do mercado local depois que a Rússia
anunciou a suspensão das relações comerciais com alguns países, especialmente
com os Estados Unidos e com a União Europeia e em seguida confirmou a
habilitação de novos frigoríficos no país, 87 no total, dos quais seis estão no
Estado. Outras duas unidades podem ser confirmadas nos próximos dias pelo
Serviço Federal Veterinário e Fitossanitário (Rosselkhoznadzor) daquele país.
Na noite da última quarta-feira, conforme a
Agência Brasil, a Rússia proibiu a importação de produtos alimentícios de
países europeus e dos Estados Unidos, em resposta às sanções ocidentais contra
Moscou. Essa proibição inclui carne bovina, suína, aves, peixe, queijo, leite,
legumes e frutos provenientes dos Estados Unidos, da União Europeia e também da
Austrália, do Canadá e da Noruega. Estados Unidos e Europa decretaram sanções
econômicas à Rússia pelo envolvimento na guerra da Ucrânia e apoio aos rebeldes
pró-russos no Leste do país. Os conflitos podem fazer da Rússia – em relação ao
complexo carnes da pauta estadual – uma ‘China’, que é hoje a maior parceira
comercial do Estado e do Brasil em relação à soja em grão.
No início dessa semana, o Rosselkhoznadzor já
havia anunciado a habilitação para o comércio de carnes bovinas com aquele país
da Agra Agroindustrial de Alimentos S/A, localizada em Rondonópolis (210
quilômetros ao sul de Cuiabá). Ontem, outros seis foram integrados à relação de
plantas autorizadas a exportar cortes bovinos e suínos. Constam da nova
deliberação russa, conforme o Mapa, as cinco unidades do JBS/Friboi e o
frigorífico Vale Grande Indústria e Comércio, todos esses para exportações de
carne e miúdos bovinos. Na última segunda-feira, a Agra Agroindustrial havia
tido autorização apenas para carne bovina, mas na nova lista russa, surge
também como fornecedora de carne e miudezas de suínos.
Há cerca de três a quatro anos, a Rússia era
o maior destino das carnes bovinas e suínas processadas em Mato Grosso, mas em
decorrência de sucessivos embargos e muito questionamento sobre a sanidade
animal brasileira, deixou ser o maior mercado consumidor nacional, que agora
tem entre outros países os ‘árabes’ e a Venezuela.
Mato Grosso, estado que detém o maior rebanho
de bovinos e um dos maiores planteis de suínos do Brasil, ficou de junho de
2011 até o final de 2013 sem exportar para Rússia por conta de um embargo -
declarado em junho daquele ano - que atingiu 85 frigoríficos de Mato Grosso,
Rio Grande do Sul e Paraná de aves, bovinos e suínos. Mesmo com o fim das
suspensões no ano passado, a retomada efetiva dos embarques ocorreu somente
neste ano com a Rússia retomando sua posição de maior mercado consumidor da
carne bovina processada em Mato Grosso, como era até 2011. Em janeiro, os
russos abriram as portas definitivamente para a produção estadual e responderam
por mais de 18,2% de tudo que o Estado embarcou no primeiro mês de 2014.
Repercussão– Conforme a Associação de
Criadores de Mato Grosso (Acrimat), do final do ano passado quando a suspensão
ao Estado foi anunciada, dez frigoríficos no Estado passaram a ter habilitação
para exportar carne bovina in natura e miúdos para a Rússia. “A reabertura
desses mercados beneficia os pecuaristas do Estado, que têm mais opções para
comercializar o rebanho mato-grossense”, frisou em nota.
De acordo com informações da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as dez unidades estão
liberadas para exportar carne in natura para Rússia estão situadas nos
seguintes municípios: Rondonópolis, Várzea Grande, Mirassol D´Oeste, Pedra
Preta, Araputanga, São José dos Quatro Marcos, Colíder, Barra do Garças,
Tangará da Serra e Sinop. A unidade de Sinop é a única apta para exportar
miudezas de carne.
“Essa situação amplia o leque de compradores
da carne bovina mato-grossense. Além disso, deverá fortalecer a criação de
bovinos no Estado”, comemora o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.
Segundo ele, os produtores têm condição para abastecer essas unidades. A
expectativa ainda é que a mudança no mercado sustente o valor da arroba,
promovendo boa rentabilidade para os pecuaristas.
08/08/2014 09:32
Porcos 2013 2 (ass) /
Fonte: Diário de Cuiabá (foto: Asssessoria)
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