Um dos mais importantes fóruns de discussão e
identificação de oportunidades de desenvolvimento das cadeias produtivas do
Brasil abriu espaço nesta quarta-feira (9), para o projeto da Ferrovia
Paraense. Por mais de uma hora, o secretário de Desenvolvimento Econômico,
Mineração e Energia do Pará, Adnan Demachki, falou aos representantes de 63
órgãos e entidades ligados ao agronegócio brasileiro durante a 55ª Reunião
Ordinária da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio. O
encontro aconteceu no prédio do Ministério da Agricultura, Abastecimento e
Pecuária (Mapa), em Brasília.
As Câmaras Setoriais e Temáticas são fóruns
de interlocução criados pelo Ministério da Agricultura para a definição das
ações prioritárias de interesse do agronegócio brasileiro e seu relacionamento
com os mercados interno e externo. A Câmara Temática trata de serviços, temas
ou áreas de conhecimento relacionadas às diversas cadeias produtivas, e é
constituída por representantes de várias entidades.
Na reunião de hoje, o projeto da ferrovia
teve a atenção dos principais órgãos e entidades ligados à infraestrutura e
logística no Brasil, como os ministérios da Agricultura, Fazenda, Planejamento
e Transportes; BNDES, Sociedade Rural Brasileira, Associação dos Produtores de
Soja e Milho (Aprosoja), Associação Brasileira do Agronegócio, Associação
Brasileira dos Exportadores de Carne, Associação Brasileira da Indústria
Ferroviária, Associação Brasileira de Movimentação e Logística, Associação
Brasileira de Terminais Portuários, Associação dos Exportadores de Açúcar e
Álcool, Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários e Associação
Nacional dos Usuários de Transportes de Cargas (ANUT).
Adnan Demachki expôs aos membros da Câmara
todos os detalhes do projeto, explicando sua relação com o desenvolvimento não
só do Pará, mas de todo o País. Falou ainda da conectividade entre a ferrovia
paraense e outros dois projetos ferroviários em implantação no estado, como a
Ferrovia Norte-Sul e a Ferrogrão. Sobre esta última, o titular da Sedeme foi
enfático: “Queremos contribuir com a Ferrogrão, que vai exportar a soja do Mato
Grosso pelos portos paraenses, mas queremos também que o Mato Grosso e o Brasil
nos ajudem a escoar a soja paraense pela nossa ferrovia”.
Luis Henrique Baldez, diretor-presidente da
Associação Nacional dos Usuários de Transportes de Cargas, classificou o
projeto da ferrovia do Pará como “bem concebido e bem estruturado”. “O estado
do Pará, rico como é, precisa viabilizar sua logística para não ficar só no potencial.
Por isso é tão importante esse trabalho que vem sendo feito pelo secretário e
pelo próprio governador, de percorrer o país mostrando o projeto e sua
viabilidade, para captar parceiros”, disse Baldez.
Edeon Vaz Pereira, presidente da Câmara
Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio e da Aprosoja, disse que
“a ferrovia vem resgatar a necessidade de infraestrutura e logística de uma
área importante”. “Diferente dos Estados Unidos, por exemplo, onde a
infraestrutura foi na frente e a ocupação acompanhou, temos um cenário em que
produtor vai na frente e o governo corre atrás com a infraestrutura. Esse
projeto paraense é um dos poucos que caminha no sentido de garantir primeiro a
infraestrutura, para estimular a ocupação e o desenvolvimento”, comentou.
Nos próximos dias, o presidente da Câmara
Temática vai viajar à Rússia para conhecer o sistema ferroviário daquele país,
um dos que mais utiliza esse tipo de logística no mundo. “Vou levar aos russos
esse projeto da Ferrovia Paraense, para apresentá-lo nos três dias em que
estarei dialogando com o empresariado local, de forma a mostrar o seu potencial
como alimentador da Ferrovia Norte-Sul”, informou.
A Ferrovia
A Ferrovia Paraense deverá cortar a porção
oriental do estado de sul a norte em 1.316 quilômetros, devendo se conectar com
a Ferrovia Norte-Sul, permitindo que esta chegue até o Porto de Barcarena, que
no Brasil é o mais próximo dos grandes mercados consumidores como China, Europa
e Estados Unidos.
O custo do projeto é estimado em R$ 14 bilhões,
considerando investimentos na construção da própria ferrovia e de entrepostos
de carga. O licenciamento ambiental está sendo conduzido por órgãos estaduais,
com chance de o vencedor do certame assinar o contrato de concessão já com a
licença em mãos, e também foi feito um mapeamento de desapropriações de 770
imóveis ao longo da ferrovia.
A possibilidade de coligação da Ferrovia
Paraense com a Norte-Sul, num trajeto de apenas 58 quilômetros entre Rondon do
Pará (PA) e Açailândia (MA) - trecho final da Norte-Sul - abre caminho para uma
nova alternativa de escoamento de carga em um porto paraense, e é um dos
atrativos do projeto para a iniciativa privada.
A Ferrovia Paraense cruzará 23 municípios
paraenses e terá capacidade de carga de até 170 milhões de toneladas/ano.
Fonte: agenciaparadenoticias.com.br
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