Detritos maiores da Tiangong-1 podem chegar
intactos à superfície (Foto: Reprodução)Detritos maiores da Tiangong-1 podem
chegar intactos à superfície (Foto: CMSA/Reprodução)
Neste exato momento, a cerca de 200
quilômetros de altura, uma estação espacial chinesa espirala sem rumo em
direção à Terra. Lançada em 2011, a Tiangong-1 está desabitada desde 2013 e
desgovernada desde 2016. Agências espaciais e órgãos especializados do mundo
todo afirmam que o primeiro “palácio celestial” da China vive seus últimos
momentos em órbita — e que deve cair de vez nos próximos dias.
De acordo com a Agência Espacial Europeia
(ESA), a reentrada na atmosfera deve ocorrer entre os dias 30 de março e 2 de
abril. Uma inesperada coincidência com o feriado de Páscoa. Já para a
Aeroespace Corporation, organização que fornece análises técnicas à Força Aérea
dos EUA, a previsão é 1º de abril, com dois dias para mais ou para menos.
E sim, pode ser uma mentira. “A margem de
erro ainda é muito grande”, diz o astrônomo amador Marcelo Zurita, diretor
técnico da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros). É só de dois
a três dias antes do evento que as previsões se tornam mais precisas. Ele tem
acompanhado de perto todo o longo processo de reentrada da Tiangong-1, que a
GALILEU havia antecipado em 2016.
Zurita está à frente de um grupo criado na
Bramon para monitorar reentradas que possam ocorrer nos céus do Brasil. É o
caso da estação espacial chinesa, que pode cair em qualquer lugar entre as
latitudes 43º Norte e 43º Sul — todo o território brasileiro é contemplado. A
possibilidade é baixa, mas não nula. Até o momento, os cálculos da Bramon
indicam uma chance de 2,28% de que o objeto se despedace sobre nossas cabeças.
Área em que Tiangong-1 pode cair, densidade
populacional e risco de impacto por região.
Os amadores conduziram uma série de
estimativas extras (veja abaixo), atualizadas a cada dia. Calcularam que a
faixa onde a Tiangong-1 pode cair corresponde a 73% da área do planeta. Dentro
dela, 68% é oceano e 32% é terra firme. Com isso, descobriram a chance de queda
no Brasil e em cada estado. “Pesquisamos as áreas urbanizadas para saber, por
exemplo, o risco de cair em uma cidade de São Paulo”, explica Zurita.
Por ter cerca de 10 metros de comprimento, 3
metros de largura e 8,5 toneladas no lançamento (devido ao gasto de combustível,
o peso atual é menor), destroços podem chegar intactos à superfície. As chances
de acertarem uma pessoa, no entanto, são ínfimas: 0,02%. Mas elas não podem ser
desconsideradas.
“Acho que a principal lição é o cuidado que
as agências espaciais devem ter com os objetos que colocam em órbita”, afirma o
astrônomo amador. “É importante que se discuta o assunto para que, em um futuro
não tão distante, essa e outras reentradas possam ser controladas e ocorram sem
risco para as pessoas aqui na Terra.”
Mapa com as probabilidades da estação
espacial atingir cada região do país (Foto: BRAMOM)Mapa com as probabilidades
da estação espacial atingir cada região do país.
Região Norte seria a região mais provável da
queda (Foto: BRAMOM)
(Foto: )
Jornal Folha do Progresso
Jornal Folha do Progresso
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