PROBLEMA OCORRE QUANDO ELES VÃO A CONSULTAS DE MÉDIA E
ALTA COMPLEXIDADE
A falta de recursos para a compra de medicação para o tratamento
de doenças que envolvem a alta e média complexidade é hoje o principal problema
dos índios atendidos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei)
Guamá-Tocantins, ao leste do Pará e norte do Tocantins. São oito polos base,
totalizando 8.074 indígenas em 78 aldeias e 30 etnias, entre elas Assurinis,
Anambé, Gavião, Tembés, Xicrin, Zo’é e outras. A Saúde do Indígena do Dsei
Guamá-Tocantins foi tema de mesa-redonda, na tarde de ontem, durante o 17º
Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), que segue até
amanhã, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, e traz como tema
“Cofen: 40 anos em defesa da profissão”.
“As principais doenças são a gripe, malária e diarreia, envolvidas
nos programas de saúde primária que funcionam bem dentro da saúde indígena.
Quanto às demais estamos erradicando. Encaramos como problema a falta de
condições financeiras para comprar os medicamentos que os médicos que atendem
na alta e média complexidade e nos centros de referências prescrevem para
tratamento dos indígenas, porque não temos dinheiro para adquirir e buscamos
uma forma de resolver isso”, contou Manoel Tibúrcio, uma das lideranças da
etnia Tembé e presidente do Conselho Especial de Saúde do Indígena do Distrito
Guamá-Tocantins.
Leone Rocha, coordenador do Dsei Guamá-Tocantins, explicou que a
coordenação dialoga com entidades e com o estado para garantir as medicações.
“Conversamos, por meio de reuniões regionais que congregam os secretários
municipais de saúde e com o próprio estado, para garantir que após a consulta
com o médico o indígena tenha a medicação. Então, já há um diálogo bom com a
Secretaria Estadual de Saúde e com o Ministério da Saúde”, afirmou.
Segundo a enfermeira Helena Caldas, que cuida do apoio
institucional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para o Dsei
Guamá-Tocantins, dentro das aldeias os atendimentos se voltam aos programas de
saúde pública que atendem a saúde da mulher e da criança, doenças sexualmente
transmissíveis, aplicação dos testes rápidos para hepatite viral, HIV e
sífilis, para detecção precoce da doença.
Há ainda ações do programa de humanização, que têm como meta
atingir 100% de cobertura com prioridade às vacinações específicas ao indígena
como a pneumococo (para combater uma bactéria que causa várias doenças, algumas
simples, como otite e sinusite, e outras graves), varicela (popularmente
conhecida no Brasil como catapora) e influenza (contra a gripe).
TFD
Segundo ela, há 16 equipes multidisciplinares nas áreas indígenas,
nas quais estão os agentes indígenas de saúde e o agente indígena de saneamento
da própria comunidade, atendendo à Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena,
criada em 2002. Já o atendimento em média e alta complexidade é referenciado,
via Sistema Único de Saúde, para um município próximo da aldeia. “Caso seja
necessário, a gente disponibiliza o Tratamento Fora de Domicílio (TFD). As
principais causas de atendimento fora da aldeia são pneumonia, desidratação,
infarto e quedas de diversas naturezas”, explicou a enfermeira.
A principal dificuldade ainda é o acesso. “Há três formas de
chegar - via terrestre, aéreo e fluvial. Há aldeias em que temos acesso após
três dias de viagem em voadeiras e canoas”, relatou a enfermeira, ao informar
que a previsão de orçamento anual para 2014 é de R$ 14 milhões. “O investimento
maior é sempre em logística - veículos, voadeiras, combustível, manutenção e
horas voo”, disse o coordenador.
No Brasil há 34 Dseis. Além do Dsei Guamá-Tocantins, há no Pará
mais três distritos: Tapajós, com sede em Itaituba; Kaiapó do Pará, em
Redenção, e Altamira, em Altamira. Os Dseis são subordinados à Sesai, órgão do
Ministério da Saúde criado em 2010 para substituir a Fundação Nacional da Saúde
(Funasa), alvo de denúncias e irregularidades.
Em agosto de 2012, havia um total de 230 povos indígenas no País,
que falam mais de 180 línguas. Dos 817 mil indígenas existentes no Brasil, 620
mil moram em aldeias e os demais vivem nas cidades. A maior concentração de
indígenas no Brasil fica na Amazônia Legal: 360 mil índios. A Amazônia Legal
corresponde aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins e parte dos estados do Mato Grosso e Maranhão.
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