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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ÍNDIOS NÃO TÊM DINHEIRO PARA REMÉDIOS


PROBLEMA OCORRE QUANDO ELES VÃO A CONSULTAS DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE

A falta de recursos para a compra de medicação para o tratamento de doenças que envolvem a alta e média complexidade é hoje o principal problema dos índios atendidos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Guamá-Tocantins, ao leste do Pará e norte do Tocantins. São oito polos base, totalizando 8.074 indígenas em 78 aldeias e 30 etnias, entre elas Assurinis, Anambé, Gavião, Tembés, Xicrin, Zo’é e outras. A Saúde do Indígena do Dsei Guamá-Tocantins foi tema de mesa-redonda, na tarde de ontem, durante o 17º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), que segue até amanhã, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, e traz como tema “Cofen: 40 anos em defesa da profissão”.

“As principais doenças são a gripe, malária e diarreia, envolvidas nos programas de saúde primária que funcionam bem dentro da saúde indígena. Quanto às demais estamos erradicando. Encaramos como problema a falta de condições financeiras para comprar os medicamentos que os médicos que atendem na alta e média complexidade e nos centros de referências prescrevem para tratamento dos indígenas, porque não temos dinheiro para adquirir e buscamos uma forma de resolver isso”, contou Manoel Tibúrcio, uma das lideranças da etnia Tembé e presidente do Conselho Especial de Saúde do Indígena do Distrito Guamá-Tocantins.

Leone Rocha, coordenador do Dsei Guamá-Tocantins, explicou que a coordenação dialoga com entidades e com o estado para garantir as medicações. “Conversamos, por meio de reuniões regionais que congregam os secretários municipais de saúde e com o próprio estado, para garantir que após a consulta com o médico o indígena tenha a medicação. Então, já há um diálogo bom com a Secretaria Estadual de Saúde e com o Ministério da Saúde”, afirmou.

Segundo a enfermeira Helena Caldas, que cuida do apoio institucional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para o Dsei Guamá-Tocantins, dentro das aldeias os atendimentos se voltam aos programas de saúde pública que atendem a saúde da mulher e da criança, doenças sexualmente transmissíveis, aplicação dos testes rápidos para hepatite viral, HIV e sífilis, para detecção precoce da doença.

Há ainda ações do programa de humanização, que têm como meta atingir 100% de cobertura com prioridade às vacinações específicas ao indígena como a pneumococo (para combater uma bactéria que causa várias doenças, algumas simples, como otite e sinusite, e outras graves), varicela (popularmente conhecida no Brasil como catapora) e influenza (contra a gripe).

TFD

Segundo ela, há 16 equipes multidisciplinares nas áreas indígenas, nas quais estão os agentes indígenas de saúde e o agente indígena de saneamento da própria comunidade, atendendo à Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena, criada em 2002. Já o atendimento em média e alta complexidade é referenciado, via Sistema Único de Saúde, para um município próximo da aldeia. “Caso seja necessário, a gente disponibiliza o Tratamento Fora de Domicílio (TFD). As principais causas de atendimento fora da aldeia são pneumonia, desidratação, infarto e quedas de diversas naturezas”, explicou a enfermeira.

A principal dificuldade ainda é o acesso. “Há três formas de chegar - via terrestre, aéreo e fluvial. Há aldeias em que temos acesso após três dias de viagem em voadeiras e canoas”, relatou a enfermeira, ao informar que a previsão de orçamento anual para 2014 é de R$ 14 milhões. “O investimento maior é sempre em logística - veículos, voadeiras, combustível, manutenção e horas voo”, disse o coordenador. 

No Brasil há 34 Dseis. Além do Dsei Guamá-Tocantins, há no Pará mais três distritos: Tapajós, com sede em Itaituba; Kaiapó do Pará, em Redenção, e Altamira, em Altamira. Os Dseis são subordinados à Sesai, órgão do Ministério da Saúde criado em 2010 para substituir a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), alvo de denúncias e irregularidades.

Em agosto de 2012, havia um total de 230 povos indígenas no País, que falam mais de 180 línguas. Dos 817 mil indígenas existentes no Brasil, 620 mil moram em aldeias e os demais vivem nas cidades. A maior concentração de indígenas no Brasil fica na Amazônia Legal: 360 mil índios. A Amazônia Legal corresponde aos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte dos estados do Mato Grosso e Maranhão.

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