Em conversa com os proprietários de um terreno
de 300 metros localizado nos arredores da Avenida Marcílio Dias, no bairro Área
Verde, na manhã de quarta-feira, 03, um grupo de sem tetos revelou que foram
procurados no local por fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(Semma), os quais garantiram que eles podem fazer a limpeza da área, desde que
deixem 30 metros de mata ciliar de cada lado do igarapé.
Após um grupo de sem tetos invadir a área de
propriedade da família do professor Roque Leal, há cerca de duas semanas, a
mata ciliar foi extinta das margens de dois córregos, do complexo do igarapé do
Urumari.
Por conta da devastação da mata, animais como
macacos, répteis e aves ficaram sem o habitat natural. Queimadas, derrubada de
árvores nativas e devastação de açaizeiros e do buritizal da Área de
Preservação Permanente (APP) podem ser vistos no local.
Devido a falta de alimentos, por conta da
derrubada de árvores frutíferas, bandos de macacos nativos da espécie Sagüi de
Santarém (macaco soin), buscam frutas nos quintais de casas, de famílias da
Área Verde.
A derrubada da mata pelos invasores virou motivo
de denúncia de moradores das proximidades. Eles afirmam que o terreno tem dono
e, que eles estavam mantendo o local preservado, até o grupo de sem tetos
invadir e derrubar toda a mata da área.
Os comunitários argumentam que como se trata de
crime ambiental, a Semma deve tomar ciência da devastação da mata ciliar às
margens do igarapé do Urumari e punir os culpados.
O igarapé, que há anos sofre com o assoreamento,
engloba os bairros Vigia, Santo André, Urumari, São José Operário, Jutaí, Área
Verde e Uruará.
Segundo o professor Roque Leal, a área invadida
por sem tetos é a última ponta de mata, que existe na foz do igarapé do
Urumari, onde sua família busca zelar, para que a fauna e a flora original
sejam mantidas. “Se a gente não preservar, a tendência é se acabar. As pessoas
não vão ter igarapé para tomar banho, porque vai virar simplesmente um córrego
de lama. Essa área que ainda existe, com essa invasão não vai ter mais e, isso
é uma perda muito grande pra natureza. Hoje, preservar a mata nativa ainda é
uma atitude inteligente das pessoas. A gente e os órgãos fiscalizadores não
podem permitir que isso aconteça”, afirmou o professor Roque Leal.
Ele afirma que tomou a iniciativa de preservar a
área juntamente com seus irmãos que são herdeiros do terreno. Roque acrescenta
que tornou público os problemas causados pela invasão, para que a culpa da
devastação não caia sobre sua família, por conta da ação que outras pessoas
estão fazendo, que é derrubar a mata nativa.
“Eu expliquei para as pessoas que estão na
invasão, que a área tem que ficar intacta, apesar de que já foi bastante danificada.
Deixando a mata intacta vai beneficiar uma população muito grande que precisa
do igarapé, além de salvar os animais que estão aqui dentro. Como percebemos, o
igarapé está dando os últimos suspiros. A saída para a preservação está na
conscientização das pessoas. Os órgãos ambientais devem tomar providências para
que os mananciais não acabem sendo destruídos totalmente, porque já suspiram
com muita dificuldade!”, exclama Roque Leal.
Por: Manoel Cardoso
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