Um total de 748 obras públicas estão
paralisadas em todo o estado. Algumas delas há mais de cinco anos, conforme
dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Dessas obras inacabadas, 24 são de
unidades públicas da saúde, sendo que oito delas em Tangará da Serra, a 242 km
de Cuiabá. A maioria delas faz parte de
um complexo hospitalar que tiveram início em 2009, naquele município, mas já
foram interrompidas por duas vezes
Além da construção de hospitais, várias
cidades mato-grossenses estão com obras de postos do Programa de Saúde Família
(PSFs), de Unidades Básicas de Saúde (UBS), de pronto-atendimentos, e a reforma
e ampliação de unidades de saúde.
No comando da Secretaria de Saúde de Tangará
da Serra há sete meses, Luciléia Oliveira Rodrigues disse que a obra do
hospital está parada por falta de projetos básicos, mas que eles estão sendo
elaborados pela Secretaria Municipal de Planejamento. "Foi dado início às
obras, mas verificamos que estava faltando alguns projetos básicos. Agora,
vamos encaminhar esses projetos para a Vigilância Sanitária", afirmou.
A previsão, segundo ela, é de que o processo
licitatório para a contratação de uma empresa para executar a obra do hospital
que deverá ter 100 leitos de enfermaria e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
seja realizado no início do ano que vem. Após de iniciada, a obra deve ser
concluída no primeiro semestre de 2015, segundo estimativa da prefeitura da
cidade.
Uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA)
também deve ser construída no mesmo espaço que o hospital denominado “Arlete
Brito“, de acordo com a secretária. "São várias obras em um lugar
só", afirmou. Porém, ela alegou que algumas obras estão em andamento e que
a prefeitura não teria dado baixa no sistema Geo-Obras, do TCE.
Assim como a maioria dos municípios do
interior do estado, Tangará da Serra enfrenta problemas na área da saúde.
Apenas 32% da população recebe atendimento de atenção básica de saúde e, de
acordo com a secretária, algumas medidas vem sendo tomadas para melhorar essa
questão. Uma delas é a contratação de mais 22 médicos. Vinte e um deles são do
programa Mais Médicos, do governo federal, e os demais foram contratados pelo
município. "Agora, o nosso desafio é melhorar a estrutura, pois não basta
apenas ter médicos, é preciso estrutura", afirmou.
Troca de prefeitos
Desde que a obra começou, seis prefeitos já
estiveram no comando da cidade. O eleito em 2008, Júlio César Ladeia foi
afastado do cargo no ano seguinte, pouco depois de tomar posse do cargo, e, no
lugar dele, assumiu o então vice-prefeito José Jaconias. Em seguida, em 2011,
Ladeia, Jaconias e outros quatro vereados do município tiveram os mandatos
cassados por suspeita de fraudes na saúde, que teria gerado prejuízo de mais de
R$ 1,5 milhão aos cofres do município.
Com a cassação do prefeito e do vice, o
presidência da Câmara de Vereadores à epoca, Miguel Romanhuk. Ele ficou no
cargo pelo período de 90 dias, até a realização de uma eleição indireta, da
qual saiu vitorioso o empresário Saturnino Masson. Ele concluiu o mandato e, na
eleição de 2012, Fábio Junqueira foi eleito prefeito. Neste ano, no entanto,
ele foi afastado da função por suspeita de improbidade administrativa e o vice-prefeito,
José Pereira Filho, assumiu o cargo. Há cerca de duas semanas, Junqueira
conseguiu reverter a situação e retornou para o comando do Executivo municipal.
Já em Canarana, três unidades do Programa de
Saúde da Família estão paradas. Além dessas obras paradas em Tangará da Serra e
em Canarana, outros hospitais cuja obra não foi concluída não foram incluídos
no sistema do TCE, entre eles o Hospital Central de Cuiabá. A obra desse
hospital começou há 30 anos e até hoje encontra-se inacabada.
A construção de cerca de 19 mil metros
quadrados teve início em março de 1985 e, dois anos depois, foi suspensa por
suspeita de desvio de verba. Em 2003, o Ministério Público Federal (MPE) moveu
uma ação judicial pedindo que os responsáveis devolvam cerca de R$ 14 milhões
aos cofres públicos e, além disso, obriga o governo do estado a concluir as
obras.
Fonte: G1MT
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