Uma torre de 320 metros de altura para
pesquisas científicas deve ser instalada na Amazônia em dezembro deste ano,
conforme previsão feita pelo coordenador brasileiro do projeto, Antonio Ocimar
Manzi, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Batizado de Observatório Amazônico com Torre
Alta (ATTO, na sigla em inglês), o projeto é uma cooperação entre os governos
do Brasil e da Alemanha, e terá investimento inicial de R$ 22 milhões, diz o
dirigente. Dessa verba, R$ 10 milhões virão do Ministério da Ciência e
Tecnologia brasileiro, R$ 10 milhões do governo alemão e R$ 2 milhões do
governo do estado do Amazonas.
“É um projeto de longo prazo para o
monitoramento da Amazônia”, ressalta Manzi. A logística de preparação do
programa é complexa, e o prazo será mantido se não ocorrerem atrasos, diz o
professor de física atmosférica da USP, Paulo Artaxo, que também participa do
ATTO.
Torre Eiffel
A estrutura vai ser ligeiramente mais alta
que a Torre Eiffel, símbolo de Paris, na França, diz o professor da USP. Ele
ressalta, no entanto, que as duas torres têm finalidades muito distintas. A que
vai ser montada na Amazônia ajudará a estudar a composição química da atmosfera
sobre a floresta, principalmente sobre os níveis de CO2, além de elementos como
nitrogênio e fósforo, ressalta Manzi.
Algumas linhas de pesquisa vão envolver
também a formação de nuvens e o regime de chuvas na Amazônia; a troca de
matéria e energia entre a biosfera e a atmosfera na área da floresta; estudos
sobre ecologia, como a vegetação da mata, os nutrientes e composição do solo,
entre outros temas.
Além da torre de 320 metros, serão
construídas quatro torres auxiliares, em formato de cruz, a cerca de 100 metros
de distância da estrutura principal. Elas terão 80 metros de altura, de acordo
com Artaxo.
Quanto mais alto, melhor
Já existem outras torres de pesquisa
construídas na Amazônia, com tamanhos menores – de 65 a 85 metros de altura,
aproximadamente. Uma delas tem 82 metros e está gerando dados científicos desde
janeiro do ano passado, segundo o coordenador do ATTO. “Quanto mais alto
medirmos, mais a gente vai saber o que o vento está trazendo. Virão
contribuições [em termos de dados sobre a atmosfera, por exemplo] de distâncias
maiores”, diz Manzi.
Artaxo pondera que o “footprint” da torre de
320 metros, isto é, a capacidade de medir dados originários de longas
distâncias, vai ser de cerca de 1.000 km, dependendo da velocidade do vento.
Pelo menos 30 anos
As torres do ATTO estão sendo instaladas em
uma área da floresta amazônica a 150 km a nordeste de Manaus, seguindo uma
linha reta, diz o coordenador do programa. “Este é um projeto de pelo menos 30
anos de duração”, afirma ele.
Na avaliação de Manzi, a torre é uma das
maiores do mundo entre as construídas especificamente para fins científicos.
Um programa similar ao ATTO, com objetivo de
fazer monitoramento meteorológico, está sendo realizado na Sibéria já há alguns
anos – uma torre de 300 metros de altura foi instalada na região do pequeno
povoado de Zotino, que fica a cerca de 3 mil km da capital da Rússia, Moscou,
também em parceria com a Alemanha.
Mas o projeto brasileiro, do ponto de vista
científico, “vai ser mais completo”, diz Manzi. Ele considera que o ATTO vai se
tornar referência mundial em pesquisas sobre florestas tropicais, já que não há
programa igual sendo executado neste tipo de ecossistema.
Fonte: G1
CUIDADO BRASIL - PAÍSES RICOS DE
OLHO NA AMAZÔNIA BOLIVIANA
ÁREA NA AMAZÔNIA BOLIVIANA ENTRA NA
LISTA DE PRIORIDADES INTERNACIONAIS
Carolina Gonçalves - Repórter da Agência
Brasil
Brasília – Llanos de Moxos, na Amazônia
boliviana, considerada a maior área úmida do mundo, foi incluída na lista de
áreas prioritárias pela comunidade internacional que recomenda medidas de
conservação da área. A decisão foi anunciada pelo grupo de mais de 150 países
signatários da Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional,
assinada em 1971, no Irã.
Com essa espécie de “tombamento da região”,
que ocupa quase 7 milhões de hectares, os países pretendem afastar ameaças que
poderiam impactar outros territórios, como desvio de fluxos de água em função
de construções de estradas ou da pecuária extensiva e plantações de soja, por
exemplo.
Especialistas defendem que áreas como Llanos
de Moxos são capazes de evitar inundações, manter vazões mínimas nos rios
durante a estação seca e regular o ciclo hidrológico da região. Líder da
Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF, Claudio Maretti, engrossa o coro do grupo
que garante que a conservação das áreas asseguram o bom funcionamento de todo o
bioma amazônico, que abrange nove países.
“São áreas úmidas da Amazônia, como
minipantanais, e essas águas escoam para o Brasil também. A sanidade desses
cursos da água e dos serviços ecológicos que oferecem, como o retardo de
cheias, beneficia as áreas brasileiras em termos de produtividade pesqueira e
estabilidade de ecossistemas e até da produção hidrelétrica”, explicou Maretti.
Outra bandeira levantada pelos que defendem a
implantação de políticas de uso sustentável nessas áreas é a de que, com a
articulação de medidas de conservação com atividades econômicas, as unidades
são capazes de regular, inclusive, o clima. “Funciona como uma espécie de
ar-condicionado, resfriando o clima pela umidade que faz circular, gerando
chuvas no centro-sul da América do Sul, como na região do bioma Cerrado, São
Paulo e mesmo de outros países como o Paraguai”, disse. Continue lendo...
A decisão, entretanto, não cria obrigações
administrativas para os países ou, especificamente, para o governo boliviano.
“A convenção tem uma influência limitada no
nível nacional. O país que apresenta uma área candidata ao sítio da convenção
se compromete com algumas diretrizes, mas não é, necessariamente, uma criação
de área protegida e, sim, o reconhecimento internacional que aquela área merece
estar na lista”, explicou Maretti. “A Bolívia ofereceu a área para candidatura
depois de um estudo que apresentou conclusões sobre o potencial da área e
aceitou regras de conservação”, acrescentou.
A expectativa é que o governo boliviano
implemente políticas de uso sustentável que garantam a conservação dos recursos
hídricos e serviços ecológicos, sem excluir as atividades econômicas que já são
desenvolvidas na região.
Os compromissos voluntários podem ser
adotados por qualquer representante da convenção. De acordo com a organização
não governamental WWF, os levantamentos feitos na área apontaram que Llanos de
Moxos concentra 131 espécies de mamíferos, 568 diferentes aves, 102 de répteis,
62 de anfíbios, 625 de peixes e pelo menos mil espécies de plantas.
(Edição: Lílian Beraldo)
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