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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mário Couto chama Jatene de “traidor”, “covarde” e promete surpresas na convenção do PSDB, dia 30.


Mário Couto e Simão Jatene

Em entrevista exclusiva, senador Mário Couto declara guerra ao governador Simão Jatene

Mário Couto e Simão Jatene


O senador Mário Couto (PSDB-PA) está em guerra contra o governador de seu partido, Simão Jatene. E promete “muitas surpresas” na 


convenção tucana, marcada para o próximo dia 30. Couto anunciou que irá “bater chapa” contra o governador para ser indicado candidato ao governo. Ele acusa Jatene de “traição” por ter sido preterido na tentativa de candidatar-se novamente ao Senado. O escolhido por Jatene, no lugar de Couto, é o vice-governador Helenilson Pontes, que pertence a outro partido, o PSD.

“Essa convenção vai entrar para a história política do Pará”, diz Couto, anunciando em entrevista exclusiva a este repórter que, se perder na disputa com Jatene, irá “apoiar alguém” de outro partido. Ele relata que ao saber, pelo outro senador de seu partido, Flexa Ribeiro, que Jatene não iria concorrer à reeleição, chegou a oferecer ao governador sua vaga “nata” ao Senado.

Na conversa com Jatene, o senador diz ter ouvido do governador que ele havia desistido de renunciar à reeleição e que iria apoiá-lo para que voltasse ao Senado. “Fiquei tranquilo depois disso”, acrescenta. Ocorre que Jatene já fazia articulações em Brasília, junto ao presidente do PSDB e candidato à presidência da República, Aécio Neves, e ao presidente nacional do PSD, o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para tirar Couto do páreo e apoiar Helenilson, mesmo depois de o governador ter dito ao próprio vice, segundo o senador, que este não seria seu candidato ao Senado “porque não somava, não tinha voto”.

Na entrevista, o senador desfere ataques ao governador, afirmando que ele é “covarde e mentiroso” e que estaria “matando o PSDB do Pará”. Segundo Couto, Jatene não conversa com ninguém e, por conta disso, provoca grande insatisfação dentro do partido, principalmente de prefeitos do interior. Só agora, na véspera da eleição, segundo o senador, ele chamou os prefeitos para liberar convênios. Nem com os convênios, contudo, consegue apagar o fogaréu das insatisfações. “Os prefeitos não são burros de dizer isso para o governador, porque perderiam os convênios”, explica.

Sobre as alianças com outros partidos, Couto salienta que o governador comete outro erro capaz de levar o PSDB e o próprio governo à derrota na eleição de outubro. Como não chama ninguém para o diálogo, os líderes partidários seguem outros caminhos. “O que eu sei é que o Anivaldo Vale (presidente do PR no Estado) passou um ano esperando que ele chamasse para conversar, mas não chamou. O Lira Maia (presidente do DEM no Pará) foi para a França com ele, mas ele não conversou com o Lira Maia”. O senador avalia que o problema de Jatene é que ele “não cisca pra dentro, só cisca pra fora do partido”.

“O cara que quer ganhar uma eleição, cisca pra dentro. Chama todo mundo e conversa, faz acordo. Tem vaga para o Senado, para suplente, para vice-governador, tem as secretarias de Estado. O PMDB, por exemplo, está puxando todo mundo, está certo. Se fosse comigo, eu chamava todo mundo pra conversar e não perdia uma minuto na propaganda eleitoral”, diz Couto. O gabinete de Simão Jatene informou que ele não iria comentar a entrevista do senador. A assessoria do comunicação também foi procurada, mas ninguém foi encontrado para falar sobre as acusações feitas por Couto. O telefone do secretário de Comunicação, Daniel Nardin, esteva fora da área de serviço.

Em nota distribuída à imprensa, a direção do PSDB firmou posição em defesa do governador, dizendo que ele tem o apoio da ampla maioria do partido para candidatar-se à reeleição. Diz ainda que ao senador Mário Couto foram oferecidas todas as garantias para que ele concorresse novamente ao cargo.

Em tempo: nesta sexta-feira (27) pela manhã correu o boato de que Mário Couto seria candidato ao Senado e não mais ao governo, deixando Jatene em paz. Se assim for, ele terá 1 minuto e 20 segundos de tempo no horário da propaganda eleitoral no rádio e TV. Mas, teria dito ao senador Flexa Ribeiro: “olha, Flexa, diz para o Jatene que se eu sentir que estão querendo me prejudicar ainda mais dentro do PSDB, vou botar a boca no mundo. Aí, o Jatene se f… e eu também me f…. Ou seja, babau reeleição dele ao governo e a minha, ao Senado”.

Leia a íntegra da entrevista concedida por Mário Couto na semana passada:


Pergunta – O governador Simão Jatene passou a perna na sua recandidatura ao Senado?

Resposta – (Gargalhada). É um negócio sério, isso. Deixa eu contar uma coisa: meses atrás, quando ele (Jatene) queria fugir de ser candidato novamente ao governo, o Flexa (senador tucano, Flexa Ribeiro) me confidenciou que o governador queria ser candidato ao Senado, ou seja, encerrar a carreira política dele como senador. Aí eu disse para o Flexa: “mas como, por quê o Jatene não me avisou logo? Eu vou lá com ele e dou a minha vaga para ele.


P- O sr. fez isso?

R- Fiz. Eu disse para ele: “já que o senhor quer ser candidato ao Senado, a minha vaga está à sua disposição. A minha vaga é nata, isso está no estatuto do partido, e eu tenho direito a ela”. Também falei para ele que, se fosse o caso, eu abriria mão da vaga para alguém que fosse do partido. E ele me disse: “não, Mário, de forma alguma, você é que tem de ser o candidato do partido”. Ora, com essa resposta do governador, eu me tranquilizei totalmente. O governador também me disse que iria assumir a candidatura à reeleição e que o Helenilson seria novamente o candidato a vice-governador. Depois de um tempo, o Jatene chamou o Helenilson e disse que ele não somaria na chapa (ao Senado). Aí o Helenilson foi com o Kassab ( ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) e o Kassab disse que ele deveria sair candidato ao Senado. Então, com eu como candidato do PSDB, mais o Helenilson, pelo PSD, e o Jeferson Lima (PP), seriam três candidatos ao Senado.


P- Então, era isso que estava na costura política?

R- Exato. Mas foi aí que fizeram uma reunião no partido (PSDB) sem me convidar. Quando eu soube que haveria essa reunião, fui para lá e acabei com a reunião. Ela acabou em confusão. Não nego: falei alguns impropérios para o governador.


P- É verdade que o sr. partiu para cima do Jatene e o abotoou pelo colarinho?

R- Fui muito agressivo, mas não quero chegar a esse ponto. Fui agressivo pela atitude covarde do Jatene. Me senti traído e tinha de chamar o governador de covarde e mentiroso. Não dá para aturar um negócio desses. Um homem de caráter reto tem de defender sua honra. E naquele momento eu estava defendendo a minha honra.


P- Depois do incidente com o governador, o que aconteceu?

R- O Jatene foi para um lado, para o outro. Foi a Brasília, falou com o Aécio (senador tucano Aécio Neves, pré-candidato à presidência da República), mas o Aécio não abriu da intenção de eu ser o candidato novamente ao Senado. O Jatene passou a viajar com o cara (Helenilson) de um lado para o outro, para fortalecer o nome do cara. Ora, o Jatene passou a apoiar um candidato que não é do partido, traindo os partidários do PSDB com essa atitude. Todo mundo sabe que o Helenilson apóia para presidente da República o Eduardo Campos.


P – Como o sr. encarou isso?

R- Me senti altamente ofendido, porque tenho 27 anos de PSDB, de mandatos consecutivos. Foi aí que vi que as coisas eram pessoais. Não eram mais coisas de nível partidário. Para mim, isso é muito grave. Constitui alguns advogados para ver meus direitos. Mas a lei é muito versátil nessa condição de tempo partidário.


P- Qual é, na verdade, o problema, então?

R- O meu problema não é ganhar ou perder. Veja bem: eu tenho 39 pontos nas pesquisas que fiz para o Senado, enquanto ele (Helenilson) tem apenas 2 pontos. Além disso, a minha musculatura política cresceu muito em todo o Brasil, pela minha atuação no Senado. Foi por isso que eu achei, como continuo achando, que o problema do Jatene comigo é pessoal. Sei que andaram falando coisas minhas, pelas costas, em Marabá, mas pessoalmente, na minha frente, duvido que ele, governador, ou qualquer outro, diga alguma coisa. E vou dizer mais uma coisa: o Jatene está num desgaste muito grande no Estado e também dentro do PSDB.


P- O sr. poderia esclarecer melhor o que está dizendo? Que desgaste é esse do governador?

R- No partido, o desgaste dele alcança 80% e não será uma nota mentirosa, como essa que a Executiva do partido soltou, que vai ajeitar as coisas. Os que defendem o governador e tentam por todos os meios negar esse desgaste é porque precisam do Jatene. Eles, porém, estão muito insatisfeitos com o governador.


P- “Eles” quem, senador? Seja mais claro.

R- Os prefeitos do PSDB, por exemplo, a grande maioria está insatisfeita com o Jatene. E sabe por quê tanta insatisfação com ele? Um cara que não chama ninguém para conversar, fica só. trancado dentro de gabinete, quer que aconteça o quê, me diga? Não chama prefeito, não chama deputado, nem senador. Só está chamando agora porque é véspera de eleição. Antes, o Jatene nunca conversou com o partido e nem com ninguém. Eu, que sou senador, sempre tive a maior dificuldade para falar com ele. Agora, porém, que ganharam milhões convênios, em cima da eleição, ele chama para conversar. É lógico que os prefeitos insatisfeitos vêm conversar com o governador, porque não querem perder os recursos. Se os prefeitos não fizerem isso, o povo vai no couro deles. É asfalto, são obras. O prefeito não é burro de dizer “olha, eu tô com raiva do Jatene”, porque sabe que vai perder o convênio.


P- O sr. tem conversado com os prefeitos tucanos ou sabe dessas informações por terceiros?

R- Tenho conversado pessoalmente com eles em minhas viagens. Eles sabem como sou e comigo se abrem, contam o que estão sentindo. A insatisfação deles é enorme. Agora veja a situação que o governador criou para o PSDB, para a aliança partidária e para ele ele próprio: o Helenilson não tem voto, e tem hoje um partido (PSD) no Pará que foi dado a ele pelo Jatene. O que eu não sei é porque tanto carinho do Jatene com o Helenilson. Ele, governador, tirou um senador eleito do partido, que podia ajudar na campanha dele na reeleição, para apoiar um cara que ele mesmo disse que não tem voto.


P- O Jatene falou para o sr. que o Helenilson não tem voto?


R- Quem falou isso para mim não foi o governador, foi o próprio Helenilson. O Helenilson disse isso para mim na frente da minha filha, a Cilene, que é deputada., que o Jatene tinha falado isso para ele. O Jatene acabou falando a verdade para o Helenilson: ele não tem voto. E vou revelar outra coisa: o Helenilson só é candidato a senador porque o Lula (ex-presidente da República) pediu ao Kassab que indicasse o vice-governador para o Senado.


P- Pera aí, o Lula também está nessa? Qual o objetivo que o Lula teria em apoiar o Helenilson ?

R- Para atrapalhar a minha candidatura. O pessoal lá em cima, no poder em Brasília, quer que eu caia. Por isso eles se articularam.


P- O Jatene sabe disso e participa, também?

R- Tudo indica que ele participaria, pelo que se vê.


P- O que o sr. pretende fazer na convenção do PSDB, no dia 30, para escolher os candidatos majoritários ao governo e ao Senado?

R- A minha postura é de falar a verdade, doa a quem doer, custe o que custar. Eu quero que todos os convencionais saibam o que aconteceu entre eu e o governador. Essa vai ser a minha primeira linha de conduta nessa convenção. Não saio com ódio, com raiva, com nada, não tenho esses sentimentos. Mas quero que saibam o que aconteceu e de quem partiu toda essa estratégia para prejudicar o partido. Eu sei que a minha saída também prejudica. Vou mostrar quem é o principal ator dessa novela. O segundo ponto da minha participação é ganhar ou não. Se eu vencer e for o candidato a governador, tudo bem.


P- E se o sr. perder, o que vai fazer?

R- Eu saio do partido e vou apoiar alguém.


P- Mas apoiar quem? Os outros partidos tem candidatos como Fernando Carneiro, do PSOL, o Zé Carlos, do PV, talvez a Leny Campelo, e o PMDB tem o Elder Barbalho, e até o Duciomar Costa, do PTB, que ainda não definiu se sai ou não sai candidato.

R- Tem vários candidatos e eu vou ver qual é a minha linha de conduta, analisar um nome e apoiar. Isso se eu perder. Com o descontentamento dentro do PSDB com o governador e o descontentamento da própria população com o Jatene, eu tenho chances de ganhar na convenção.. Eu ando muito pelo Estado. Estive agora no sul do Pará e o descontentamento é muito grande, principalmente com ele (Jatene), porque ele se meteu nessa questão da divisão do Pará. Ele foi de encontro aos anseios de determinadas áreas do Estado, tanto ele como o Helenilson.


P- Mas o governador e o vice não podiam ficar em cima do muro.


R- Quem quiser ganhar a eleição no sul e no oeste do Pará é só falar isso que vou falar aqui: no caso da divisão, nós temos a obrigação e o dever constitucional de deixar o povo livre para escolher. O povo tem de dizer o que ele quer. Se não quer dividir, que o povo diga que não quer dividir. Se quer dividir, que diga. Não compete a nenhum político induzir o povo. Isso aí é um crime. Minha obrigação, lá no Senado Federal, foi de votar a favor do plebiscito, para que o povo dissesse se queria ou não dividir o Pará.


P – O Jatene assumiu o risco quando tomou partido contra a divisão?

R- Todo mundo sabe que ele fez isso, tanto ele como o Helenilson. Nessas regiões que queriam se separar, as coisas estão muito difíceis para o governador. O meu trabalho junto aos delegados da convenção do partido nessas regiões é conquistar esses votos todos para ganhar e sair candidato a governador.


P- É verdade que o governador mandou cancelar todos os convênios do 


Detran, onde os dirigentes foram indicador pelo sr.?
R- Não mandou cancelar nada. Isso é estória. Eu estou entregando o Detran no dia 30 para ele.


P- E o deputado Wandenkolk Gonçalves, também o sr. considera traidor, 
como o Jatene?

R- Não, ele tem umas coisas que de vez em quando dão na cabeça dele e ele faz bobagens. Mas eu não tenho nada contra ele. É um bom rapaz. Eu só espero que na convenção os delegados avaliem que a minha candidatura é do partido e que não podem entregá-la para um cara que não é do partido. O governador que não pense que ele poderá fazer comigo o mesmo que fez com o Flexa Ribeiro. O Flexa tinha pontos baixos, mas foi humilde, mesmo que o governador fosse contra a candidatura dele ao Senado. Depois que o Flexa subiu nas pesquisas, ele (Jatene) veio e disse que era ele quem tinha feito o Flexa crescer. Papo furado. No caso atual, é diferente. Naquela época, a Ana Júlia estava quebrada, não tinha concorrente. Qualquer um ganhava da Ana Júlia.


P- E hoje, qual a avaliação que o sr. faz da aceitação do governador?

R- Hoje, tem gente na frente dele e as pesquisas estão mostrando isso. Quando não está empatado, tem gente da frente. Essa era a hora da união no partido para a gente tentar a vitória. Mas na atitude dele, governador, ele diz duas coisas que ninguém pode contestar: primeiro, ele está queimando a vaga ao Senado, que era garantida. E passa um filme na minha cabeça. A segunda, é que, se nós brigarmos, ele entrega também o governo a outro candidato. Resumo: o Jatene está matando o PSDB no Pará. Veja que com essas atitudes, ele perdeu o apoio do DEM e do PR.


P- É tempo perdido no horário eleitoral.

R- Pois é. Já perdeu uns 3 ou 4 minutos. Mas também é papo furado do governador. O problema não é perder tempo. Se fosse isso, ele não tinha deixado os caras irem para lá, apoiar outro candidato. E por quê os caras foram para lá? Porque não houve diálogo, o governador não atende ninguém, não conversa com ninguém. O que eu sei é que o Anivaldo Vale passou um ano esperando que ele chamasse para conversar, mas não chamou. O que eu sei é que o Lira Maia foi para a França com ele, mas ele não conversou com o Lira Maia. E eu fico a pensar: será que esse cara (Jatene) é candidato mesmo? Não entendo. Com isso, repito, está matando o PSDB. Ou, então, ele é o rei da Inglaterra, que bate no peito e manda. Aí é que, com isso, perde o governo e perde o Senado. O problema do Jatene é que ele não cisca pra dentro, só cisca pra fora. O cara que quer ganhar uma eleição, cisca pra dentro. Chama todo mundo e conversa, faz acordo. Tem vaga para o Senado, para suplente, para vice-governador, tem as secretarias de Estado. O PMDB, por exemplo, está puxando todo mundo, está certo. Se fosse comigo, eu chamava todo mundo pra conversar e não perdia uma minuto na propaganda eleitoral.


P – Como será a eleição de outubro, para concluir essa entrevista?

R- A eleição para senador, ele (Jatene) já perdeu de forma antecipada, ao ficar com o Helenilson. Ele não vai puxar voto para o Helenilson. Ao contrário, quando o cara não está bem no governo, quem se estrepa é o candidato ao Senado. Como ele não tem musculatura política, vai perder a eleição. Ele não tem musculatura, não conhece política. Tenho muita pena desse rapaz. A máquina não vai ajudar. Ele caiu na antipatia. O que vai acontecer na convenção do PSDB vai entrar para a história política do Pará, pode anotar o que estou dizendo.


P- Alguma surpresa para o dia da convenção?

R- Tenho muitas surpresas preparadas para esse dia 30. Não posso te revelar, porque aí não seriam mais surpresas. Como repórter você verá isso no dia 30.

Por: Carlos Mendes

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