A política é uma ciência moderna, por isso há
cursos de graduação, mestrado e doutorado em Ciências políticas, em várias
universidades do Brasil e do mundo. Conheço vários cientistas políticos
cristãos, como o Dr. César Saldanha, o Dr. Evandro Gussi, ambos doutorados pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul nesta área. Na convivência com eles
aprendi que não basta um candidato cristão se lançar sozinho na política, mesmo
que tenha muita fé e as melhores intenções. Pode mesmo ser massacrado pela dura
realidade política de hoje no Brasil.
O jogo político é complicado, e exercer uma
função política hoje, no Brasil, não é
nada fácil. Conheço várias pessoas cristãs, boas, de fé, que foram
eleitas para um cargo público e se decepcionaram e acabaram renunciando, tendo
em vista o mar de corrupção que encontraram pela frente. Outros, infelizmente,
acabam cedendo ao “jogo político” nem sempre limpo. O sistema político viciado
corrompe a pessoa se ela não for muito forte e íntegra. É quase impossível hoje
atuar na política sem aceitar certos pactos e negociatas.
O que fica claro é que para se candidatar a
um cargo político, não basta ser cristão, não basta ter boa vontade e honestidade; é preciso
preparo, conhecer os meandros da vida política, as leis, e estar amparado em
uma boa base de sustentação, fruto de um bom trabalho comunitário. Não adianta
se lançar sozinho e achar que vai enfrentar uma situação difícil e conseguir
fazer a transformação da sociedade, sozinho, doce ilusão. Uma andorinha não faz
verão. Então, o que é preciso?
É preciso ter base política, estar amparado
por um Projeto consistente, amparado pela comunidade, onde muitos participam em
conjunto, apoiem os candidatos escolhido pela comunidade, e lutem por sua
eleição, carregando os candidatos, de rua em rua, de casa em casa, de pessoa a
pessoa. Assim, eles, escolhidos pela comunidade, serão apoiados por ela em
todas as necessidades: financeira, legal, administrativa… Logo, esses
candidatos não precisarão correr atrás de corporações que banquem suas
campanhas, ficando presas a elas se eleitos.
Não adianta simplesmente lançar vários
candidatos cristãos numa mesma região, sem ter conhecimento de quantos será
possível eleger. Acaba que vários saem candidatos, tornam-se adversários nas
urnas e nenhum deles acaba sendo eleito.
Mas, para isso é preciso um trabalho de
comunidade, de humildade, de abrir mão de uma candidatura tendo em vista um
projeto mais amplo e mais real. Isso exige caridade, amor, renuncia a si mesmo
diante de um bem maior para a comunidade. Isso exige que os candidatos sejam
cristãos de verdade. Que não queiram ser candidatos simplesmente para terem uma
profissão. Não. É preciso ser candidato para servir a Deus, ao povo, e ao Reino
de Deus. Neste caso, o exercício da política será um verdadeiro sacerdócio, um
verdadeiro martírio de trabalho, luta e abnegação. Por amor a Deus e ao
próximo.
Paulo VI já disse uma vez que “não há solução
fácil para problema difícil”; é o que estamos enfrentando na política em nosso
país; o mal é grave, a solução é difícil. Ninguém se iluda de que sozinho vai
salvar a Pátria. Deve-se candidatar a um cargo público quem tem vocação para a
vida pública, mas ciente de tudo isso que foi refletido acima. Se prepare e
busque um projeto consistente para atuar.
Categoria: Artigos
Publicado em 22 de agosto de 2014
Prof. Felipe Aquino
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