ESTUDO QUESTIONA USO EXCESSIVO DE
TABLETS E CELULARES POR CRIANÇAS
O uso exagerado de equipamentos digitais pode
atrapalhar a capacidade de crianças em reconhecer emoções de outras pessoas
Um estudo da Universidade da Califórnia, em
Los Angeles, indica que o uso exagerado de equipamentos digitais pode
atrapalhar a capacidade de crianças em reconhecer emoções de outras pessoas.
Pesquisadores do departamento de psicologia
observaram 105 alunos de 11 e 12 anos, divididos em dois grupos, e perceberam
que depois de cinco dias sem acesso às telas de celulares, tablets ou
televisores, eles passaram a identificar emoções muito melhor.
No estudo publicado na revista especializada
“Computers in Human Behaviour”, os psicólogos afirmam que o efeito da mídia
digital pode ser muito mais danoso que se imagina. “Muitos olham para os
benefícios da mídia digital na educação, mas não há muitos que estudam o custo
disso”, afirmou uma das autoras da pesquisa, Patricia Greenfield.
“Sensibilidade reduzida diante de sinais emocionais, ou uma certa perda da
capacidade de entender as emoções dos outros, é um deles”, disse. Ela diz ainda
que a troca da interação interpessoal pela interação via telas parece estar
reduzindo o “traquejo social”.
Os alunos da rede pública californiana foram
separados em dois grupos: 51 passaram cinco dias no Instituto Pali, um
acampamento para ciência e natureza cerca de 110 km a leste de Los Angeles,
enquanto os outros 54 continuaram em sua escola em Los Angeles (eles também
passaram cinco dias no acampamento depois do estudo).
O acampamento não permite o uso de
equipamentos eletrônicos, o que muitos alunos acharam difícil nos primeiros
dias. No entanto, a maioria se adaptou à situação rapidamente.
No início do estudo, ambos os grupos tiveram
avaliada a capacidade de reconhecer emoções em outras pessoas através de fotos
e vídeos. Depois de cinco dias no Instituto Pali, os 51 alunos apresentaram uma
melhora significativa nesta capacidade. Já os que continuaram imersos nas
“telinhas” não tiveram grande melhora. “Não se pode aprender a ler sinais
não-verbais a partir de uma tela da mesma forma que se aprende na comunicação
cara a cara. Sem essa prática, perde-se importantes habilidades sociais”, disse
outra autora do estudo, Yalda Uhls.
O conselheiro do governo britânico para
questões de infância, Reg Bailey, também recentemente criticou o uso excessivo
de equipamentos eletrônicos. Para ele, os pais estão deixando as “telas
assumirem o controle” e recomendou que as famílias passassem mais tempo
conversando. Bailey afirmou que as famílias deveriam considerar “refeições
sem-telinhas” para estimular o contato pessoal.
Fonte: UOL
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