Leandro Coelho (detalhe) foi condenado pela
Justiça de Itaituba, pela morte do editor de imagem Antonio Raydson (Boboya)
O julgamento do acusado pela morte do editor
de imagem Antonio Raydson, o Boboya, começou por volta das 08h00 de
quarta-feira, dia 05, mas logo cedo já era grande a movimentação das famílias e
amigos do acusado e da vítima, o que fez com que fossem distribuídas senhas
para se ter acesso à plenária do Salão do Júri.
Na abertura da sessão presidida pelo Juiz
Sidney Falcão, titular da Terceira Vara Criminal da Comarca de Itaituba, foi
lido o processo e o parecer do Ministério Público para que os sete jurados
convocados pudessem ter detalhes das investigações do crime. Na acusação atuou
a promotora Juliana Palmeira, representante do Ministério Público e o advogado
Moisés Aguiar, enquanto que na defesa esteve os advogados José Luiz e Josiane
Loiola, ambos contratados pela família do acusado. Em primeiro momento, Leandro
Coelho, o acusado, estava no salão do júri e se mostrava tranquilo.
A primeira testemunha a ser a chamada foi
Rayson Costa, irmão de Boboya, que em seu depoimento disse ter sido o primeiro
parente da vítima a chegar ao local do assassinato e narrou os acontecimentos
que culminaram com a morte do irmão. Depois de Rayson, foi a vez da mãe de
Rithiele, jovem apontada como pivô da discórdia entre os dois. Segundo a
depoente, sua filha namorou primeiramente com Boboya, posteriormente, mesmo
contra a vontade da mãe, teve uma convivência com Leandro Coelho, o que
terminou por conta de desentendimento entre o casal. Com a separação, Rithiele
foi mandada por sua família para morar em Manaus, de onde, através de contatos
telefônicos, voltou a namorar com Boboya, começando aí a raiva de Leandro por
Antonio Raydson, o que terminou em morte.
Outra testemunha a depor foi Ricardo, vizinho
de Boboya. Segundo ele, Leandro chegou ao local do crime e o pediu para chamar
Boboya, justamente no momento em que a vítima estava trancando a porta de sua
casa para retornar à casa de Carmarguinho, de onde havia saído minutos antes
para atender o chamado de uma amiga. O depoente disse que ainda viu Antonio
Raydson estendendo a mão para cumprimentar Leandro, porém, em fração de
segundos, ao virar para outro lado ouviu os disparos feitos por Leandro contra
Boboya.
Depois de ouvidas as testemunhas de acusação
e de defesa, antes de Leandro sentar no banco dos réus, a acusação exibiu uma
reportagem produzida pela imprensa local, onde Leandro fala do crime. Na
entrevista dada no dia de sua prisão, Leandro disse que agiu por instinto e
pode ser uma pessoa perigosa dependendo da ameaça que venha receber.
Durante seu depoimento, agora demonstrando
grande nervosismo, o já réu confesso, reassumiu a autoria do crime afirmando
que matou Boboya por sentir-se ameaçado pela vítima, entretanto, ao ser
questionado pelo presidente do júri, disse que as ameaças não eram de morte. Os
inúmeros questionamentos feitos pela acusação levaram o acusado se contradizer
por várias vezes.
Leandro disse que naquele dia, 22 de outubro
de 2013, recebeu o convite de Boboya para conversarem na residência do também
profissional de imprensa “Camarguinho”, apresentador esportivo da TV Eldorado e
que estava aniversariando naquela data, mas logo no início da noite,
encontrando-se enraivado com os boatos vindos pelas redes sociais, decidiu
colocar o revólver na cintura e saiu dirigindo seu veículo passando em frente a
residência de Boboya, onde o encontrou e, após poucas palavras, disparou quatro
tiros contra a vítima, para em seguida entrar em seu carro e fugir para uma
fazenda localizada nas proximidades da comunidade Santarenzinho, de onde, com a
ajuda de terceiros, chegou a um garimpo localizado no município de Oriximiná.
Ouvidas as testemunhas e acusado pela parte
da manhã, a tarde foi a vez de acusação e defesa debaterem sobre as
qualificadoras imputadas ao crime pelo Ministério Público. Por um lado a
acusação afirmando ter sido um crime torpe e dissimulado, por sua vez a defesa
transferindo a culpa do crime a ex-mulher de Leandro, que utilizou-se das redes
sociais para semear a discórdia entre o acusado e a vítima.
Com pequenos intervalos, o julgamento de
Leandro durou nove horas com o Juiz Sidney Pomar Falcão proferindo a sentença
de 18 anos de reclusão em regime fechado por volta da 17h00. A partir de então,
Leandro Coelho foi conduzido de volta ao presídio pelos policiais militares e
agentes prisionais.
Vários membros da imprensa itaitubense que
acompanharam o julgamento do início até o pronunciamento final do juiz,
afirmaram esperar uma condenação maior, porém, se disseram satisfeitos pela
condenação do réu.
Para o advogado de acusação Moisés Aguiar a
pena para Leandro poderia ser de pelo menos 25 anos, já que as duas
qualificadores foram pesadas e o júri recusou o privilégio solicitado pela
defesa. “Nosso trabalho na acusação foi feito considerando nós termos
conseguido com que o júri aceitasse as qualificadores apresentadas ao crime
pelo Ministério Público. Os testemunhos foram contundentes, principalmente os
oculares: pessoas que estavam presentes na hora do assassinato e atestaram que
Leandro chegou na casa de Boboya, pediu para que um vizinho o chamasse e em
seguida efetuou os disparos a queima roupa e saiu em fuga em seu veículo.”
O advogado José Luiz disse que ainda vai
reunir com seu cliente para decidir se irá pedir um novo julgamento.
Pela repercussão do crime na mídia e na
sociedade, o juiz Sidney Falcão que havia adotado algumas medidas de segurança,
avaliou que tudo ocorreu normalmente. “Graças a Deus, as duas partes tinham
interesse que este julgamento ocorresse, o que contribuiu para que tudo
ocorresse na normalidade.”
Condenado há 18 anos e já cumprido um ano no
presídio, se tiver um bom comportamento, Leandro Coelho deverá poderá passar
para o semi aberto em cinco anos. Com informações e fotos de Junior Ribeiro e
Francisco Amaral.
Por: Nazareno Santos
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