Promotor da Justiça Militar Armando Brasil
O promotor da Justiça Militar Armando Brasil
participou de entrevista coletiva nesta quarta-feira (5) e pediu que a
população de Belém não se deixasse influenciar por informações exageradas
compartilhadas em redes sociais. “A população não deve entrar em pânico. Há
muitas pessoas se aproveitando da situação e espalhando boatos pela internet,
tentando criar uma situação de caos. São vídeos, áudios e fotos que não têm
relação com os fatos ocorridos ontem e que estão sendo forjados para disseminar
o pânico”, disse Brasil.
Há muitas pessoas se aproveitando da situação
e espalhando boatos pela internet, tentando criar uma situação de caos”
Armando Brasil, promotor da Justiça Militar
Apesar de tranquilizar a população, a
promotoria afirma que as ocorrências registradas durante a noite de terça-feira
(4) e madrugada de quarta, quando 10 pessoas morreram em Belém – incluindo um
Policial Militar – estão sendo apuradas. “O Ministério Público do Pará, por
meio da Promotoria de Justiça Militar, já está acompanhando junto à
Corregedoria-Geral da Polícia Militar as investigações. Se ficar confirmada a
participação de policiais da corporação nesses crimes, será movida a devida
ação penal, bem como os envolvidos podem ser expulsos, pois vou requisitar a
instalação do conselho de disciplina”, disse Brasil.
O Ministério Público Federal informou que,
pela gravidade da situação, também deve investigar as ocorrências de crimes
registradas durante a noite, já que pelo menos seis apresentam características
de execução. O órgão está reunindo informações e deve se posicionar
oficilamente nesta quarta.
OAB pede providências
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará
encaminhou um ofício ao secretário de segurança Luiz Fernandes Rocha para
solicitar informações detalhadas sobre as mortes que aconteceram durante a
noite de terça-feira (4) em Belém. O órgão também solicita que os fatos sejam
investigados de forma rigorosa para esclarecer as circunstâncias que resultaram
na morte confirmada de um policial e nove pessoas.
Segundo a Ordem, cópias do documento foram
enviada para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da
República, Conselho Federal da OAB e ao Ministério da Justiça.
Entidade de direitos humanos lamenta mortes
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das
Crianças e Adolescente do Pará (Cedca) emitiu uma nota oficial lamentando a
chacina em Belém. De acordo com o texto, “o número exato de pessoas
assassinadas e/ou baleadas ainda está sendo apurado, porém, já é possível
identificar que entre as vítimas existem adolescentes e jovens, que tiveram
suas vidas ceifadas com características de extermínio por pessoas ainda não
identificadas”, disse o órgão. De acordo com o IML, uma das vítimas era um
jovem de 16 anos identificado como Eduardo Galucio Chaves.
“Genocídio por capítulos”
Na última segunda-feira (3) Belém esteve no
centro do debate sobre a violência na América Latina, quando recebeu uma
reunião do Comitê Permanente da América Latina para a Prevenção do Crime da
ONU.
Durante o evento, o ministro da Suprema Corte
da Justiça na Argentina, Eugenio Raúl Zaffaron, disse que o crime precisa ser
estudado e entendido em toda a América Latina. “Qual é o interesse máximo, o
interesse dos povos, das pessoas, da dignidade humana? O interesse por
continuar o genocídio por capítulos? Interesses populares, interesses do poder
financeiro? O que acontece com a nossa violência é resultado disso, estamos
pagando com mortos, essa é a nossa realidade”, criticou.
Fonte: G1
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