GRAFISMO ARTISTA PLÁSTICO PARAENSE LEVA CUIAS E PINTURAS INDÍGENAS PARA CENTROS DE EXPOSIÇÃO
A manifestação artística dos índios da
floresta amazônica ultrapassou as fronteiras nacionais e está sendo valorizada
na Alemanha. Essa exportação se deve, em grande parte, ao trabalho do artista
plástico Edivaldo Kirsch. Paraense, nascido na Ilha do Marajó, e residindo na
cidade alemã de Frankfurt há mais de três anos, ele é um grande estudioso da
cultura indígena e de sua grafia em cuias e pinturas corporais. De passagem por
Belém, ele busca o financiamento para uma obra que fala um pouco sobre as
histórias contadas através de cada desenho geométrico elaborado nos elementos
indígenas.
Amostra de pintura acrílica sobre tela com
motivos indígenas que fez parte da exposição na Europa
“Já fiz alguns contatos e estou aguardando o
fechamento para conseguir o financiamento para o livro. Será uma obra sobre a
história indígena e a história contada em grafismo. Não existe nada, ainda, mas
sei que é possível contar a história por seus símbolos geométricos. Já levei a
proposta para a Alemanha e eles lá têm esse interesse. Estou fazendo a ligação
entre os dois países”, explicou Edivaldo. Apaixonado pelas manifestações
artísticas indígenas, ele entrou em contato com algumas tribos mais próximas de
Belém, com as quais já havia trabalhado anteriormente, e agora aguarda também a
liberação por parte delas.
O amor pela cultura indígena é algo que
acompanha o artista plástico bem antes da escolha pela profissão. Ex-aluno de
Educação Artística da Universidade Federal do Pará (UFPA), desde muito jovem
entrou em contato com integrantes de tribos amazônicas. A irmã de criação dele
é indígena, da tribo Assurini, e casou com um integrante da tribo Kayapó. Sua
mãe era enfermeira e a única responsável por trazer ao mundo os filhos do
casal. Um dos filhos é afilhado de Edivaldo, o que o aproximou ainda mais de
toda a movimentação que norteia a cultura indígena. Após entrar na faculdade, a
paixão por essa expressão artística aumentou ainda mais: “Na universidade comecei
a misturar técnicas tradicionais com as da floresta. Hoje, trabalho com resinas
e elementos naturais, associando a arte plástica acadêmica aos objetos
tradicionais indígenas”, explica.
A ascensão do outro lado do Atlântico veio
justamente pela sua pesquisa de arte e grafia indígenas. Enquanto cursava a
graduação, começou a trabalhar no Museu Emilio Goeldi e no Instituto de
Etnobiologia da Amazônia (Inea). Lá, conheceu um pesquisador americano que levou seu trabalho para a Alemanha. Desde
então, realizou várias exposições naquele país e em outros da Europa, até fixar
residência em Frankfurt, em 2011.
Ao sentir o grande interesse da Alemanha por
sua pesquisa de grafia e arte indígena, montou a proposta do livro e levou
adiante para alguns alemães, que foram muito receptivos. Para Edivaldo, o livro
é um projeto bastante pessoal que está ligado a sua profissão e às suas
origens: “A ideia é fazer o livro acontecer. Isso está ligado a minha origem e
a minha formação como educador artístico e artista plástico. Acredito que você
preservando o índio, você preserva a mata. O grande desafio é manter o índio em
sua terra”, disse.
Além do livro, Edivaldo também elabora outros
projetos na Alemanha. Um deles é o “Movimento Livre - Êngockê”, que ele
desenvolve em Frankurt ao lado de um amigo também brasileiro. O projeto propõe
uma mistura entre música e artes plásticas, aguçando a audição, visão e tato do
público - que pode ver as obras, ouvir música e ainda pintar o corpo com
grafismo. “Ao mesmo tempo em que estou produzindo, também toco. Faço pintura e
a música continua acontecendo. É todo um movimento livre, por isso o nome”, diz
ele. O projeto não tem data para chegar a Belém, mas já foi apresentado na
Aústria.
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