A MELHOR INFORMAÇÃO

terça-feira, 2 de setembro de 2014

ARTE AMAZÔNICA CHEGA À ALEMANHA


GRAFISMO ARTISTA PLÁSTICO PARAENSE LEVA CUIAS E PINTURAS INDÍGENAS PARA CENTROS DE EXPOSIÇÃO

A manifestação artística dos índios da floresta amazônica ultrapassou as fronteiras nacionais e está sendo valorizada na Alemanha. Essa exportação se deve, em grande parte, ao trabalho do artista plástico Edivaldo Kirsch. Paraense, nascido na Ilha do Marajó, e residindo na cidade alemã de Frankfurt há mais de três anos, ele é um grande estudioso da cultura indígena e de sua grafia em cuias e pinturas corporais. De passagem por Belém, ele busca o financiamento para uma obra que fala um pouco sobre as histórias contadas através de cada desenho geométrico elaborado nos elementos indígenas.


Amostra de pintura acrílica sobre tela com motivos indígenas que fez parte da exposição na Europa

“Já fiz alguns contatos e estou aguardando o fechamento para conseguir o financiamento para o livro. Será uma obra sobre a história indígena e a história contada em grafismo. Não existe nada, ainda, mas sei que é possível contar a história por seus símbolos geométricos. Já levei a proposta para a Alemanha e eles lá têm esse interesse. Estou fazendo a ligação entre os dois países”, explicou Edivaldo. Apaixonado pelas manifestações artísticas indígenas, ele entrou em contato com algumas tribos mais próximas de Belém, com as quais já havia trabalhado anteriormente, e agora aguarda também a liberação por parte delas.

O amor pela cultura indígena é algo que acompanha o artista plástico bem antes da escolha pela profissão. Ex-aluno de Educação Artística da Universidade Federal do Pará (UFPA), desde muito jovem entrou em contato com integrantes de tribos amazônicas. A irmã de criação dele é indígena, da tribo Assurini, e casou com um integrante da tribo Kayapó. Sua mãe era enfermeira e a única responsável por trazer ao mundo os filhos do casal. Um dos filhos é afilhado de Edivaldo, o que o aproximou ainda mais de toda a movimentação que norteia a cultura indígena. Após entrar na faculdade, a paixão por essa expressão artística aumentou ainda mais: “Na universidade comecei a misturar técnicas tradicionais com as da floresta. Hoje, trabalho com resinas e elementos naturais, associando a arte plástica acadêmica aos objetos tradicionais indígenas”, explica.

A ascensão do outro lado do Atlântico veio justamente pela sua pesquisa de arte e grafia indígenas. Enquanto cursava a graduação, começou a trabalhar no Museu Emilio Goeldi e no Instituto de Etnobiologia da Amazônia (Inea). Lá, conheceu um pesquisador americano que  levou seu trabalho para a Alemanha. Desde então, realizou várias exposições naquele país e em outros da Europa, até fixar residência em Frankfurt, em 2011.

Ao sentir o grande interesse da Alemanha por sua pesquisa de grafia e arte indígena, montou a proposta do livro e levou adiante para alguns alemães, que foram muito receptivos. Para Edivaldo, o livro é um projeto bastante pessoal que está ligado a sua profissão e às suas origens: “A ideia é fazer o livro acontecer. Isso está ligado a minha origem e a minha formação como educador artístico e artista plástico. Acredito que você preservando o índio, você preserva a mata. O grande desafio é manter o índio em sua terra”, disse.

Além do livro, Edivaldo também elabora outros projetos na Alemanha. Um deles é o “Movimento Livre - Êngockê”, que ele desenvolve em Frankurt ao lado de um amigo também brasileiro. O projeto propõe uma mistura entre música e artes plásticas, aguçando a audição, visão e tato do público - que pode ver as obras, ouvir música e ainda pintar o corpo com grafismo. “Ao mesmo tempo em que estou produzindo, também toco. Faço pintura e a música continua acontecendo. É todo um movimento livre, por isso o nome”, diz ele. O projeto não tem data para chegar a Belém, mas já foi apresentado na Aústria.


O Liberal Digital!

Nenhum comentário:

Postar um comentário