Mais de 162 quilômetros cúbicos de água estão
no subterrâneo da Amazônia. Esse é o
tamanho do Sistema Aquífero Grande Amazônia – SAGA, que, segundo pesquisadores,
é um conjunto de camadas geológicas com reservas expressivas de água
subterrânea.
A quantidade surpreendeu o geólogo Francisco
de Assis Matos de Abreu, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que participou
da mesa redonda sobre o tema, nesta sexta-feira, 25, durante a 66ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “O aquífero é
maior do que imaginávamos”, declarou.
De acordo com Abreu, o estudo sobre o SAGA
tem quase dez anos e envolve quatro bacias hidrográficas: Acre, Solimões,
Amazonas e Marajó, que totalizam, pelo lado brasileiro, 1.300 mil km2 de área.
“Esse sistema é transfronteiriço, pois atinge outros países, mas o Brasil
representa cerca de 67% do sistema”, explicou.
Apesar do gigantismo do sistema e do grande
potencial das reservas, o professor Abreu é cauteloso em relação à qualidade
dessa água. “As bases de dados são precárias, não são confiáveis. A qualidade
de uso é algo que ainda estamos engatinhando, sabemos muito pouco. Precisamos
fazer algo para acelerar esse processo, pois com certeza ainda teremos muitas
surpresas”, relatou.
Equilíbrio hídrico
O geólogo da UFPA disse que não há
necessidade do uso dessa água a médio prazo e revelou que sua real importância
está na manutenção do sensível equilíbrio entre a floresta e os recursos
hídricos. “Esse equilíbrio é responsável por importantes parâmetros climáticos,
sobretudo o regime de chuvas. O SAGA é sem dúvida uma reserva aquífera
estratégica para o Brasil, na medida em que representa 80% da água que faz
funcionar o ciclo hidrológico na Amazônia”, disse Abreu.
O ciclo hidrológico é o caminho que a água
percorre depois que evapora do oceano Atlântico, cai em forma de chuva, volta
para a atmosfera pela transpiração da floresta e segue nesse esquema até bater
nos Andes. Boa parte volta para o oceano, seja pelos rios ou pelo sistema de
águas subterrâneas, para o reinício do ciclo. “O SAGA precisa ser estudado e
compreendido como parte do ciclo hidrológico da Amazônia como um todo”,
ponderou o geólogo.
De acordo com Abreu, 70% da água que
movimenta as hidrelétricas estão ligadas aos recursos hídricos da Amazônia, e
23% do PIB brasileiro depende desse sistema hídrico. “Sem falar na água virtual
que está embutida nos produtos exportados pelo País, como soja, café, carne
bovina e laranja, por exemplo. Isso só é possível porque temos a floresta. Essa
reciclagem é um colossal serviço ambiental que a Amazônia presta para o
Brasil”, argumentou.
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Por: Edna Ferreira
Fonte: EcoDebate
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