A rede pública de saúde começou a oferecer, a
partir deste mês, a vacina contra a hepatite A para crianças com idade a partir
de um ano e menores de dois anos.
A imunização, em dose única, deve alcançar
cerca de 3 milhões de crianças brasileiras todos os anos.
Até setembro, todos os postos de saúde do
país deverão ter a vacina contra a hepatite A disponível de forma contínua,
segundo o Ministério da Saúde. Hoje, os centros especializados de vacina do SUS
já oferecem essa vacina, mas apenas para casos específicos, como viajantes a
países com concentração da doença.
Doze Estados já começaram a vacinar as
crianças neste mês de julho –Acre, Rondônia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí,
Pernambuco, Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande
do Sul (em Porto Alegre, a vacinação começará em agosto).
Passarão a ofertar a imunização em agosto
outros 12 –Amazonas, Amapá, Tocantins, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte,
Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pará.
Os últimos três –Roraima, São Paulo e Paraná–
ofertarão a vacina a partir de setembro.
ATRASO
A inclusão da vacina da hepatite A para
crianças foi recomendada há dois anos pela Conitec (comissão do ministério que
avalia a inclusão de novas tecnologias na rede pública). À época, a pasta disse
ter a expectativa de oferecer a vacina ainda em 2013 em duas doses: crianças de
12 meses e de 18 meses.
Em outubro de 2012, o então ministro
Alexandre Padilha (Saúde) anunciou a produção nacional da vacina pelo Butantan,
via uma parceria produtiva com o laboratório americano MSD.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de
vigilância em saúde do ministério, os dois anos entre a recomendação e a oferta
de fato se justificaram pela preparação da rede para a inclusão de mais uma
vacina e das negociações para a produção nacional da vacina.
Nesse período, continua o secretário, estudos
feitos em países que adotaram a vacina indicaram que pessoas vacinadas com
apenas uma dose da vacina apresentaram a mesma imunidade que pessoas imunizadas
com duas doses. Assim, a pasta optou por usar apenas uma dose, para facilitar a
adesão ao calendário vacinal.
"A capcidade de proteger é a mesma. Qual
é a diferença de fazer duas doses ou uma dose? A gente tem que ter muito
cuidado [na inclusão de novas vacinas] porque desafia as outras vacinas [já
incluídas]. O calendário com uma vacina só é mais fácil de ser cumprido que um
com 14", argumenta Barbosa.
Com essa vacina, o Brasil passa a ofertar
todas as vacinas disponíveis e recomendadas pela OMS (Organização Mundial da
Saúde), mesmo em caráter especial (como HPV), afirmou o secretário.
HEPATITE A
A vacina é feita com o vírus inativado e é
considerada bastante segura pelo Ministério da Saúde.
Entre 1999 e 2013, o país registrou mais de
151 mil casos de hepatite A –dado considerado subestimado pelo governo. E,
entre 1999 e 2012, 761 mortes pelo vírus da hepatite A, que infecta por água e
alimentos contaminados.
Jarbas Barbosa avalia que o Brasil está num
período de transição da doença no país, com redução de casos ocorrida após a
melhoria das condições sanitárias brasileiras.
"Quando as condições sanitárias
melhoram, as pessoas passam a ter contato com o vírus mais tardiamente. São
menos casos, mas cresce o risco de serem casos graves."
COQUELUCHE PARA GRÁVIDAS
Ainda este ano, o ministério deverá incluir,
no calendário vacinal, a oferta da vacina contra a coqueluche para gestantes. A
expectativa é que a imunização esteja disponível nos postos de saúde em
outubro.
O objetivo é melhorar a imunidade do
recém-nascido, como proteção ao aumento de casos de coqueluche identificada nos
últimos anos.
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
29/07/2014
12h11
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/07/1492751-criancas-receberao-vacina-contra-hepatite-a-pelo-sus-a-partir-deste-mes.shtml
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