O repasse oficial de recursos financeiros pelo PT para candidatos do PMDB nos Estados,
para as eleições majoritárias de outubro deste ano, acabou gerando desavenças entre as
duas maiores siglas empenhadas na reeleição da presidente Dilma Rousseff. A situação foi
relatada em reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), mesmo sem o aval do comando de campanha do partido, partiu para
costurar o recebimento de R$ 35 milhões como ajuda de campanha. O PT arrecadaria o valor
através de doações legais de empresas e repassaria o montante a cinco candidatos do
PMDB a governos estaduais: Rondônia, Amazonas, Paraíba, Pará e Alagoas - onde Renan
Filho é o nome do partido na disputa. Em quatro desses Estados, o candidato peemedebista
tem o apoio oficial do PT (a exceção é Rondônia). Ao tomar conhecimento da exclusão da
maioria do partido do repasse, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), exigiu
que fosse feita uma distribuição igualitária para todos os candidatos da sigla.
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A negociação com Renan Calheiros, de acordo com relatos ouvidos pela "Folha", foi acertada com o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil. Por meio de sua assessoria, o ministro negou que tenha tratado do assunto com Renan ou com "qualquer liderança do PMDB": "A Casa Civil não trata das finanças de campanhas, sendo este um tema exclusivo dos partidos", ressaltou Mercadante.
O mal-estar no PMDB chegou aos ouvidos de assessores de Dilma. O imbróglio foi o principal motivo da volta de Temer à presidência do partido, como afirmam congressistas. Mas, a equipe de Temer nega, alegando que o senador voltou ao comando do PMDB para estar à frente da interlocução política na campanha. Segundo o desenho acordado entre PT e PMDB, seriam repassados cerca de R$ 8 milhões para Alagoas, Paraíba, Amazonas e Pará. Rondônia, Estado do então presidente do partido, Valdir Raupp, ficaria com R$ 3 milhões.
"Eles acharam que ninguém ficaria sabendo. Tem que ser socializado", ironizou um cacique do PMDB à Folha. A cúpula do partido quer contemplar, entre outros, os candidatos ao governo de Goiás, Iris Rezende; do Ceará, Eunício Oliveira; e do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves. Nenhum deles é apoiado pelo PT. Petistas negam a articulação, mas afirmam que há pressão de aliados – como PMDB, PR e PP– para ajuda nos Estados.
De acordo com um peemedebista da cúpula da legenda, que falou sob anonimato, há "dependência" de doações intermediadas pelo PT. Segundo ele, o empresário doa com mais facilidade "para quem manda''.
Auxiliares do comitê presidencial afirmam que a ordem é ajudar, mas só depois que conseguirem resolver a campanha nacional. A orientação é "endurecer'' com partidos que possuem ministérios, como o PMDB, já que, na avaliação petista, os titulares das pastas têm interlocução com o empresariado.
Participantes da negociação informam que houve acerto entre as partes para que o valor seja distribuído de maneira "igualitária''. Outros peemedebistas afirmam que a negociação não se concretizou. A assessoria de Michel Temer afirma que os partidos da coligação nacional tentarão auxiliar "politicamente" todos os palanques estaduais que estiverem alinhados com Dilma. Eunício Oliveira (tesoureiro do PMDB) afirma que o assunto nunca foi tratado com ele. Já o tesoureiro do PT, João Vaccari, não se manifestou.
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