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quarta-feira, 23 de julho de 2014

DESONERAÇÃO SALTA 42,9% EM 2014 E PÕE EM RISCO A META DE SUPERÁVIT

O resultado da arrecadação divulgado hoje pela Receita Federal comprova como está sendo inócua para o país a desoneração fiscal de alguns setores específicos. De janeiro a junho, o governo abriu mão de R$ 50,7 bilhões, montante 42,9% superior ao desonerado no primeiro semestre de 2013. Já a arrecadação acompanhou a economia e andou de lado. Atingiu R$ 578,5 bilhões, alta de 0,28%.

– O governo acreditava que as desonerações iriam aumentar a atividade econômica e a arrecadação. O resultado da Receita mostra que não aconteceu nenhuma coisa nem outra. A renúncia fiscal, que é gasto público, quase dobrou enquanto o PIB dá sinais de estagnação – aponta Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria Integrada.

Sem as desonerações, a arrecadação no primeiro semestre de 2013 teria sido 6,5% maior. No mesmo período deste ano, o governo teria arrecadado 8,7% a mais. Proporcionalmente, o maior avanço aconteceu nas desonerações dos combustíveis. A cadeia do nafta e do álcool, que deixou de recolher R$ 309 milhões de janeiro a junho de 2013, foi agraciada com descontos de R$ 1,7 bilhão no mesmo período desse ano. O benefício reforça a ideia de que o preço dos combustíveis é o truque do governo para deixar a inflação na meta.

– A dinâmica da arrecadação está pior do que imaginávamos para esse período. Visto que, historicamente, o governo atual acelera a desoneração nos últimos meses do ano, a renúncia fiscal ficará acima dos R$ 100 bilhões anunciados no início de 2014. Como a atividade não se recupera, cria uma restrição grande à política fiscal. Mantida essa dinâmica, é possível adiantar que o governo deixará de cumprir a meta de economizar 1,9% do PIB ao fim do ano. Não há esforço que suporte desoneração tão agressiva com crescimento e receita estagnados – acredita Salto.

A já alta carga tributária do país é um entrave a mais para crescer a arrecadação. É bom lembrar que o Brasil já teve sua nota de risco rebaixada pela S&P e está a apenas um degrau de perder o grau de investimento.


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