ESTRADA CORTA SETE ESTADOS E TEM MAIS DE QUATRO MIL QUILÔMETROS DE EXTENSÃO. PRIMEIRO TRECHO FOI INAUGURADO EM 1972.
O primeiro trecho foi inaugurado em 1972,
durante o governo militar. Mas, 43 anos depois, metade da Transamazônica ainda
não recebeu asfalto. Os repórteres Mário de Paula e Fabiano Villela registraram
o resultado disso no Pará.
Pegar a Transamazônica, no sudoeste do Pará,
é como pilotar no deserto. Ou em uma trilha no meio da mata, cheia de buracos e
pontes precárias. E quando você acha que nada pode ser pior: a viagem foi
interrompida no quilômetro 211 da Transamazônica, entre os municípios de
Rurópolis e Placas. Nenhum veículo consegue passar. A explicação está bem na
frente: uma carreta e um ônibus atolados.
“Água é o que a gente ganha dos outros. Passa
um dá água, passa outro arruma ou vai buscar. E a comida vai acabando”, afirma
o caminhoneiro Oséas Ramos.
Para sair dos atoleiros, só com a ajuda dos
colegas ou pagando até R$ 100 pelo serviço de um trator.
Em outro trecho da BR-230, entre Pacajá e
Novo Repartimento, o motorista do caminhão de cimento pisa fundo, mas não
consegue vencer o lamaçal. São tantos acidentes na rodovia que os motoristas
tentam se prevenir.
Jornal Nacional: O que o senhor está fazendo?
Joviano José Antônio, caminhoneiro: Eu estou
retirando a parte inferior do para-choque, porque onde tem esses barros,
enrosca e arranca fora.
A gente acabou de conversar com o motorista
que retirou o para-choque e ao lado, um o ônibus parou no buraco.
“Ainda bem que não está molhado, se tivesse
molhado já era”, diz o motorista Gilmar Martins.
A situação também é crítica na ligação da
Transamazônica com a BR-163, por onde vem a produção de soja de Mato Grosso em
direção aos portos do Pará.
A camada de lama tem mais de um metro. E só
quando faz sol e a estrada começa a secar é que os veículos mais pesados
conseguem passar sem a ajuda dos tratores. Com a rodovia nesse estado, também
sobrou para a equipe do Jornal Nacional.
Às 20h55 noite, a equipe está tentando voltar
para Altamira, só que não consegue seguir viagem por causa de um atoleiro que
se formou e ninguém consegue passar. Está tudo cheio de lama. O carro só
conseguiu passar porque foi puxado por um caminhão.
Nos últimos cinco anos, é a terceira vez que
o Jornal Nacional denuncia as péssimas condições da Transamazônica no Pará.
“Eu viajo aqui desde 81 e cada dia que passa
em vez de melhorar, eles vão deixando”, lamenta um motorista.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes informou que as obras nas rodovias citadas não estão paralisadas. E
que os repasses estão ocorrendo de acordo com a programação do órgão. O Denit
explicou ainda que as obras entram em ritmo mais lento no período de chuvas na
região Norte, de dezembro até mais ou menos maio. E que o ritmo aumenta na
estiagem, a partir de junho.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/04/inaugurada-ha-43-anos-rodovia-transamazonica-ainda-nao-tem-asfalto.html
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