A sede do Consórcio Norte Energia,
responsável pela construção da usina de Belo Monte, permanece ocupada por
manifestantes desde a manhã desta segunda-feira (18). Cerca de 150 pescadores e
ribeirinhos cercaram o escritório da empresa impedindo a entrada de
funcionários e da diretoria. Os manifestantes exigem a continuidade das
negociações sobre indenizações para o setor da pesca, uma vez que centenas de
famílias perderam a sua principal atividade econômica com a construção da
hidrelétrica. A Norte Energia tem se negado a reconhecer os impactos e negociar
as indenizações.
No início da manhã, o gerente jurídico da
Norte Energia, Arlindo Gomes Miranda, chegou a tentar a entrada no escritório,
mas, impedido pelos pescadores, deixou o carro no local e se retirou com
xingamentos, afirma a pescadora Maria das Graças. “Ele ficou irritado e começou
a bater boca com as mulheres, chamou a gente de otárias e foi muito agressivo,
mandou uma moça se f…, imagine isso”.
Maria das Graças foi desalojada de sua terra
e recebeu uma pequena compensação, que possibilitou a compra de uma casinha na
periferia de Altamira. “Minha outra casa era linda, tinha dezenas de árvores de
fruta, hoje não tenho mais nada. Eu tinha meu comércio de peixe, que meu marido
é pescador. Hoje em Altamira a gente não tem do que viver. Continuo vendendo um
pouco de peixe, mas é pescado que vem do Maranhão, de Macapá, tenho todas as
notas”. De acordo com a pescadora, a Norte Energia também exige que os
pescadores retirem suas canoas do rio em um prazo de 20 dias, uma vez que quer
construir um cais no local. “Vamos fazer o que com os nossos barcos? Botar
dentro de casa? Vamos permanecer aqui até que nossas reivindicações sejam
tendidas, e se vierem com esse papel (interdito proibitório) que diz que a
gente tem que pagar 2 mil reais por dia, a gente não sai. Faz vaquinha pra
levantar o dinheiro, mas não sai!”, diz Maria das Graças
De acordo com informações do jornalista
Felype Adms, de Altamira, também desde as 5h desta segunda cerca de 650
agricultores ligados a Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) na
região bloquearam desde a Transamazônica. Segundo post no facebook de Adms, as
entradas de todos os canteiros de sbras de Belo Monte amanheceram fechadas.
“Quem trafega pela rodovia vai encontrar bloqueio na entrada do Sítio Pimental,
no km 27 entre Altamira e Belo Monte, e no km 55, onde está o principal sítio
da Obra.
Ainda segundo o facebook do jornalista, os
agricultores montaram tendas na rodovia. O Movimento Pela Garantia dos Direitos
das Populações da Transamazonica e Xingu apresenta uma pauta bastante extensa
de reivindicações. Os protestos começaram ainda no domingo na entrada do km 27
e nesta segunda às manifestações tomaram proporções ainda maiores. Autoridades
governamentais e representantes da empresa Norte Energia e Consórcio Construtor
Belo Monte devem realizar reunião emergência ainda hoje.
Fonte: Movimento Xingu Vivo Sempre
Nenhum comentário:
Postar um comentário