Papa Francisco e o presidente de Cuba, Raúl
Castro, se encontraram no domingo.
Após ter se encontrado no domingo (10) com o
papa Francisco no Vaticano, o presidente de Cuba, Raúl Castro, prometeu
retornar à Igreja Católica se o Pontífice continuar sua agenda reformista.
A declaração foi dada em uma coletiva
conjunta com o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, que o recebeu na sede
do governo, em Roma. “Fiquei muito impressionado pela sabedoria e modéstia do
Papa. Leio todos os seus discursos e disse a Renzi que, se ele continuar assim,
vou voltar para a Igreja Católica”, declarou o mandatário.
Além disso, Castro afirmou que irá a todas as
missas de Francisco quando ele for a Cuba, viagem que está marcada para o
próximo mês de setembro. A reunião do presidente com Jorge Bergoglio teve
caráter privado e durou cerca de uma hora.
“Eu agradeci ao Santo Padre pela sua
contribuição na reaproximação entre Cuba e Estados Unidos”, salientou. Segundo
o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, a reunião ocorreu em um clima
“extremamente cordial e familiar” e serviu como uma prévia para a visita do
Pontífice à ilha.
A viagem a Havana será logo antes de sua
aguardada passagem pelos Estados Unidos, que acontecerá entre os dias 22 e 27
de setembro. O Pontífice teve um papel crucial na retomada das relações
diplomáticas entre EUA e Cuba, com o Vaticano sediando reuniões entre
delegações dos dois países no ano passado. Além disso, em diversas ocasiões ele
afirmou estar satisfeito com a histórica reaproximação.
Essa será a terceira visita de um Papa a
Cuba. Em 1998, uma viagem de João Paulo II à ilha contribuiu para melhorar as
relações entre o governo local e a Igreja, enquanto Bento XVI ficou durante
três dias na nação caribenha em 2012 e celebrou uma missa na presença de Raúl
Castro.
Depois do encontro com Francisco, o
presidente cubano foi recebido por Matteo Renzi no palácio Chigi, sede do
governo italiano. “Hoje podemos perceber que muita coisa está mudando, a
história segue o seu caminho, e queremos e devemos ser protagonistas. Hoje
podemos escrever uma página nova, e estou convencido de que podemos fazer muita
coisa juntos”, disse o premier.
Já Castro, que ressaltou que as relações
entre Itália e Cuba são “perfeitas”, aproveitou o momento para dizer que seu
governo está tentando melhorar o sistema vigente no país, mas sem “choques”.
“Estamos tentando levar adiante melhorias no
nosso modelo político, social e cultural. Mas é muito difícil fazê-lo sem
choques, sem deixar ninguém pelo caminho”, afirmou. Além disso, ele criticou os
que usam a questão dos direitos humanos em Cuba como arma política.
“Nós somos acusados de não respeitar os
direitos humanos, mas quem os respeita no mundo? Para nós, a saúde é um direito
de todos, assim como a educação. Reconheço que cometemos alguns erros, mas os
direitos humanos não devem ser instrumentalizados para a má política”, declarou
Castro.
Fonte: Ércio Bemerguy
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