O sistema político do
Brasil é um dos grandes problemas de nossa democracia. Do jeito que ele
funciona estimula a corrupção, fazendo com que mesmo os bons candidatos acabem
muitas vezes sendo corrompidos por causa do sistema. Como assim? Vamos
explicar.
Um dos problemas é o
tamanho do Brasil e de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, temos cerca de
600 municípios, o que significa que um candidato a deputado tem de trabalhar em
todos eles para publicar sua candidatura e fazer sua campanha. Ora, se o
período de propaganda eleitoral é de mais ou menos 60 dias, então, o candidato
tem de percorrer cerca de 10 cidades por dia, contando sábados, domingos e
feriados. Sem falar das grandes cidades onde ele certamente gastará muito mais
de um dia.
Fica claro que o
candidato não conseguirá visitar nem a metade das cidades. E imagine você o
dinheiro que ele precisa gastar nisso. São milhões de reais: carro,
combustível, assessores, eventos, cartazes, banners, etc., etc., etc. E quem é
que tem milhões de reais? Quase ninguém. Então, o que fazem os candidatos? Têm
de encontrar alguém para “bancar” toda essa despesa. Então, procuram uma
multinacional, uma igreja, um sindicato, uma corporação da sociedade, um
empresário rico, etc.
Bem, no caso de ser
eleito, será que este candidato eleito vai trabalhar para o bem do povo, do
“bem comum”, ou do bem de quem bancou a sua campanha? É claro, de quem bancou
sua campanha, pois certamente assumiu um compromisso com ele. Ai surge os
“lobbies” nas Assembleias legislativas e no Congresso Nacional, e assim, são os
interesses individuais e corporativistas que conduzem as discussões dos
assuntos a serem votados. E o povo, na verdade, fica sem os devidos representantes.
Por aqui você pode entender um pouco porque o povo anda tão insatisfeito com os
eleitos. Qual a solução para isso?
Parecem-me duas. Uma,
evidentemente, é que os eleitores não podem dar o seu voto a esse tipo de
candidato, bancado por uma instituição para
a qual depois vai fazer “lobbie”;
embora seja difícil saber quem são. Outra solução urgente é se implantar
no país o VOTO DISTRITAL. Como ele funciona?
No voto distrital você
vota por Distrito. Cada Estado é dividido em distritos – que podem variar de
100 mil a 300 mil, por exemplo – e cada um de nós vota em deputados apenas do
seu distrito. E cada candidato só faz campanha no distrito. Isso gera muitas
vantagens:
1 – Escolher fica mais
fácil – cada eleitor conhece o candidato e o fiscaliza depois de eleito, sabe onde ele mora, etc..
2 – A campanha fica mais
barata- o candidato só faz campanha na sua região e não precisa andar muito e
gastar muito.
3 – Acaba o “efeito
Tiririca” – o voto de um candidato não elege outro.
4 – O gasto público
diminui – acaba o toma lá da cá no Congresso.
5 – Os corporativistas
perdem espaço, porque a eleição é por região. É claro que os politiqueiros e
interesseiros não querem. As oligarquias se enfraquecem – dissolvem-se os
currais eleitorais dos “coronéis”.
6 – Aumenta a força das
capitais – que hoje elege poucos representantes.
7 – O Congresso é
fortalecido, porque fica mais difícil fazer falcatruas e enganar o povo.
8 - A corrupção diminui, fica mais difícil
comprar as pessoas.
Em 2010, foram eleitos
com os próprios méritos só 7% dos deputados federais. Se o voto distrital
tivesse sido adotado em 2010 não teriam chegado à Câmara Federal 35
Sindicalistas, 21 religiosos, 28 familiares de políticos. (VEJA – 2233 – ano 44
– 36 7/9/1, pgs. 78-841).
http://cleofas.com.br/o-que-precisa-mudar-na-politica-do-brasil/
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